USINA DE MATERIAL RADIOATIVO NO INTERIOR BAIANO É TRATADO COM NEGLIGÊNCIA
2001-08-14
Em abril de 2000, houve um vazamento de licor de urânio na usina instalada nos arredores de Caetité, de propriedade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), estatal subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O líquido, resultante do banho de ácido sulfúrico em rochas do minério, escorreu de uma das bacias a céu aberto e se infiltrou no solo. O acidente só foi descoberto seis meses depois, com a denúncia de ex-funcionários da mina. O Ministério Público exigiu a realização de perícias mas os responsáveis pela usina sustentam até hoje ter se tratado de um pequeno incidente, não de um vazamento. Técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear estimam que 67 quilos de urânio concentrado fluíram da bacia de licor por 76 dias. A CNEN concluiu que os danos ambientais não eram significativos, mas deparou com um quadro de perícia e negligência. A usina começou a operar em dezembro de 1999 mas a mineração foi suspensa dez meses depois graças à vistoria que comprovou o derramamento do urânio concentrado. A pressão da fiscalização obrigou a INB a reforçar o sistema de segurança. Entre as providências, o fundo das bacias ganhou uma segunda lona de proteção. As medidas, porém, não devem livrar a empresa de uma briga nos tribunais. Em junho, um carregamento de 73 toneladas de yellowcake, o minério puro, seguiu de Caetité para o Canadá. Além do risco ao ambiente e à vizinhança, a fabricação tornou-se fonte de perigo para os trabalhadores. (Revista Época/100 ; 13/8)