DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO ESTÁ LIGADA À REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
2004-03-26
A atividade humana durante a Era Industrial, transcorrida ao longo dos últimos 150 anos, provocou o aumento significativo dos níveis de metil brometo, gás conhecido por danificar a camada de ozônio na estratosfera terrestre. Um grupo de pesquisadores liderado por Eric Saltzman, da Universidade de Irvine, chegou a esta conclusão após examinar pedaços do centro de um iceberg recuperado da Antártida. A partir da análise das bolhas de ar fixadas no material, o grupo de pesquisadores comparou níveis de metil brometo na atmosfera registrados nos últimos três séculos. A conclusão é que, na era industrial, a quantidade de metil brometo atmosférico total no Hemisfério Sul parece ter crescido 3,5 partes por trilhão ou aproximadamente 50% em relação aos níveis pré-industriais. O resultado da pesquisa está publicado na edição de 2 de março deste ano no Journal of Geophysical Research – Atmospheres. No estudo foram utilizados 23 amostras de cascas de gelo perfuradas em 1995 em Siple Dome, a Oeste da Antártida. O ar foi extraído das amostras no Laboratório de Saltzman, na própria universidade, e realizada, então, uma espectrometria de massa e cromatografia gasosa, que consiste em uma técnica de análise. – Encontroamos traços de metil brometo datados do final de 1600 nas bolhas do gelo, afirma o professor Eric Saltzman, coordenador do estudo. Segundo ele, isto mostra o quão sensível era a atmosfera, na época. Registros anteriores da presença dessa substância na atmosfera foram encontrados apenas em relação ao ano de 1900. Os pesquisadores também desenvolveram um modelo numérico para simular os principais processos envolvidos no ciclo biogeoquímico do metil brometo. Mas as medições feitas nos pedaços de gelo e a modelagem resultante mostram que atividades humanas como combustão e queima de biomassa na época industrial tiveram um significativo impacto sobre os crescentes níveis da presença desse gás na atmosfera.(Nature)