CO2 PODE ALTERAR ÁRVORES EM FLORESTA VIRGEM
2004-03-12
Está na hora de rever o velho conceito de floresta virgem. De acordo com cientistas brasileiros e americanos, trechos da Amazônia nos quais não há registro de interferência humana direta estão tendo sua composição de espécies vegetais drasticamente alterada -provavelmente por causa do gás carbônico emitido em doses cavalares pela ação do homem. Na prática, o que acontece é que alguns tipos de árvore se tornam mais viçosos e abundantes que outros ao longo do tempo. Ao longo de quase duas décadas, os pesquisadores examinaram o que acontecia com a fisiologia e distribuição de árvores numa área de 300 km2 ao norte de Manaus. Da análise emergiu um padrão no qual as árvores cuja copa alcança o dossel, ou topo da floresta, claramente levavam vantagem sobre as menores, que crescem na sombra e demoram mais para se desenvolver. As árvores do dossel ganharam tanto em largura do tronco quanto em número de indivíduos num trecho da floresta. A explicação mais provável, diz Oliveira, é que as árvores do dossel tenham tirado proveito do excesso de gás carbônico -matéria-prima para a fotossíntese que dá às plantas sua biomassa- para crescer mais rápido. As árvores de sombra, por outro lado, não se beneficiariam desse excesso de CO2, uma vez que o fator limitante para seu crescimento é a luz. (FSP/A-14/11/03)