AUMENTA O DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA
2004-03-08
Um estudo recente do Banco Mundial sugere que, apesar de haver uma miríade de fatores subjacentes aos desmatamentos, sua causa principal é a expansão da pecuária. Ela ocupa 75% das áreas desmatadas, sendo os médios e grandes pecuaristas os maiores responsáveis pela ocupação. Do ponto de vista econômico, o processo decorre primordialmente da alta lucratividade privada na região quando comparada a outras atividades, não-pecuárias, ou quando comparada à pecuária em outras áreas do país. Em Alta Floresta (MT), por exemplo, a receita líquida estimada da criação de gado por hectare é de R$ 139 ao ano; em Paragominas (PA), de R$ 103. As taxas de retorno na região amazônica chegam a ser quatro vezes maiores que no centro-sul do país. Essas diferenças impulsionam o crescimento da pecuária e o desmatamento da Amazônia. O principal problema é, portanto, que a renda da pecuária é significativa, ainda que concentrada e implicando altos custos sociais e ambientais. Como estes últimos são difusos, envolvendo impactos nas populações locais e na comunidade global, não há mecanismos triviais de compensação. É como a poluição das indústrias e dos veículos, que afeta a todos: sem a presença do Estado, os custos sociais recaem sobre toda a sociedade, ainda que a indústria seja lucrativa e gere renda privada. (FSP/05/03)