CIENTISTAS ESPERAM QUE BUSH MUDE SUA POSIÇÃO SOBRE A MUDANÇA CLIMÁTICA
2004-03-02
O relatório do Pentágono sobre mudança climática que vazou este mês para a imprensa será capaz de alterar radicalmente a posicao do governo Bush sobre o assunto? Essa é a dúvida que ainda persiste depois que jornais de todo o mundo noticiaram o fato semana passada. O estudo prevê que uma mudança abrupta no clima poderá levar o planeta à beira da anarquia, com países desenvolvendo armas nucleares para defender e assegurar alimentos escassos, água e estoques de energia. A ameaça à estabilidade global é muito maior do que a do terrorismo, dizem os poucos especialistas que conhecem seu conteúdo. Um cenário de mudanças climáticas catastróficas e iminentes é plausível e desafiaria a segurança nacional norte-americana de maneira que deveriam ser imediatamente consideradas, concluem os autores do relatório. Em 18 de fevereiro o governo Bush havia sido alvo de novas críticas de uma respeitada organização de cientistas por suprimir os estudos de que não gosta. Jeremy Symons, ex-funcionário e crítico da Agência de Proteção Ambiental (EPA), afirmou que a supressão do relatório por quatro meses é outro exemplo de tentativa da Casa Branca de esconder a ameaça da mudança climática. Climatologistas experientes acreditam que as conclusões do relatório poderiam forçar Bush a aceitar a mudança do clima como um fenômeno real e presente. Afinal a prioridade de Bush é a defesa nacional. O Pentágono não é um grupo liberal ou maluco, em geral é conservador. Se a mudança climática for uma ameaça á segurança nacional e à economia, ele tem de agir. Existem dois grupos que o governo Bush tende a escutar: o lobby petroleiro e o Pentágono, afirmou Bob Watson, cientista-chefe do Banco Mundial e antigo presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.(Carta Capital/46)