CHUVAS AVASSALADORAS SÃO SINTOMAS DO AQUECIMENTO GLOBAL
2004-03-02
Os temporais deste ano resultam de uma combinação de três fatores: dois são climáticos e um terceiro, histórico. O primeiro fenômeno meteorológico foi uma frente fria corriqueira, que partiu do Sul e subiu o Brasil rumo ao oceano Atlântico. Já ao segundo fenômeno, os meteorologistas dão o pomposo nome de vórtice ciclônico dos altos níveis. Traduzindo: é uma massa de ar em forma de disco carregada de chuva nas bordas, que viaja a até dez quilômetros de altitude sobre o oceano, em direção ao continente. Como flutuavam em sentidos opostos, os dois eventos climáticos trombaram, produzindo um aguaceiro sem tréguas. São cada vez mais evidentes os sinais de que o mundo atravessa um caos climático. — Desde 1985 não chovia desse jeito, a precipitação foi mais do que o dobro dos verões anteriores, explica Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). As oscilações de temperatura no inverno passado, a falta de chuvas no verão do racionamento, em 2001, são outros exemplos de que há algo estranho no ar. — Se levarmos em conta mês a mês, houve diferenças bruscas no último inverno. Junho foi quente, julho foi normal e agosto foi frio. Isso não é comum, é indicador de que tem algo errado, afirma José Antonio Marengo, do Centro de Estudos Climáticos do INPE. O desmatamento, as queimadas, os incêndios acidentais e o uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, são apontados como os grandes responsáveis pelo aquecimento do planeta. (Istoé/03/02)