O diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para a América Latina e o Caribe, Nils Kastberg, disse quarta-feira (25/02) que os países latino-americanos devem medir os índices de desenvolvimento humano de suas comunidades indígenas. Kastberg afirmou que a questão é de vida ou morte ao divulgar o relatório Assegurar os Direitos das Crianças Indígenas, apresentado pelo organismo da ONU em Madri. Ele acrescentou, no entanto, que a Unicef gostaria de ir além da distribuição do relatório e em conjunto com outras agências da ONU impulsionar a medição dos níveis de desenvolvimento humano das comunidades indígenas. Ele reconheceu que isto poderia sair bastante caro, mas assegurou que é indispensável fazer estudos, não apenas uma amostragem como vem sendo realizada agora. — Nós vemos isso como uma questão que não envolve apenas a Unicef, mas todo o sistema das Nações Unidas, que querem impulsionar os governos a se conscientizar, proteger e defender a existência dessas comunidades, disse Kastberg. Ele destacou que, em alguns casos, será necessário mobilizar recursos, consciente de nunca vai haver dinheiro para analisar os 40 milhões de indígenas da América Latina caso os governos não se conscientizem de que isso é importante. Ele manifestou que os baixos índices de desenvolvimento humano entre as comunidades indígenas latino-americanas tem a ver com a situação de exclusão e discriminação na qual vivem. Kastberg explicou que quando se fala de baixos índices de desenvolvimento humano entre estas comunidades se faz referência a altos níveis de mortalidade materna e infantil, à falta de acesso aos serviços de saúde, à vacinação, à educação, à falta de registro civil, ao tráfico de crianças e à exploração infantil. Segundo o relatório, há no mundo cerca de 300 milhões de indígenas, distribuídos por 70 países. A metade deles vive na Ásia mas o segundo maior grupo está na América Latina. Os jovens indígenas apresentam taxas de vacinação muito baixas, índices de mortalidade elevados e níveis de escolarização irrisórios, com um grande nível de abandono escolar. No relatório, elaborado pelo centro de Pesquisas Innocenti da Unicef, em Florença (Itália), destaca-se a urgência de iniciar medidas para assegurar a sobrevivência e a proteção dos direitos das crianças indígenas. — Os Estados deveriam atribuir mais recursos para o apoio das famílias indígenas, oferecer-lhes mais serviços e promulgar leis e políticas que lhes favoreçam, assinala. Kastberg indicou que o que queremos é trabalhar para que cada uma destas comunidades conheça quais são os objetivos de desenvolvimento do milênio, e que os serviços de saúde e educação se voltem para melhorar os índices de desenvolvimento humano em função desses objetivos. Kastberg destacou que em março haverá um encontro de líderes indígenas latino-americanos no Panamá para dar seguimento a estes assuntos.(EFE)