JUSTIÇA BRITÂNICA INOCENTA GEÓLOGOS QUE NÃO DETECTARAM ARSÊNICO NA ÁGUA DE BANGLADESH
2004-03-01
Uma corte britânica determinou que o grupo de pesquisadores britânicos que fez um levantamento geológico em Bangladesh não é culpado por não ter detectado contaminação de arsênico em poços de água. Habitantes de diversas vilas deste país haviam acusado o Serviço de Pesquisa Geológica Britânica (BGS) de negligência, argumentando que o grupo deveria ter advertido a respeito do problema. Advogados que representam os nativos planejam apelar da decisão, que os britânicos esperam que sirva para prevenir outras jurisprudências contra o BGS daqui por diante. O envenenamento por arsênico é uma questão séria em Bangladesh, onde os estoques naturais de água estão contaminados por veneno por liberações naturais de fragmentos da cadeia do Himalaia. O problema, contudo, só veio à tona a partir dos anos 90, depois de tentativas de abertura de poços para abastecimento da população com água potável. Antes disso, a principal fonte de água eram as superficiais, que estavam freqüentemente contaminadas por resíduos de esgotos e perigosas bactérias. Para evitar a contaminação orgânica no consumo de água, a Unicef e algumas entidades governamentais de Bangladesh perfuraram mais de 1 milhão de poços entre os anos de 1970 e 80. Em 1992, o BGS foi chamado para fazer um levantamento da toxicidade da água dos poços. O estudo prospectou a possível presença de contaminantes como ferro e fósforo, mas não detectou arsênico e, desta forma, o BGS declarou a água segura para consumo. Somente em 1995 os cidadãos começaram a apresentar sintomas de envenenamento, como grandes lesões na pele. Então, os especialistas perceberam que a água estava pesadamente poluída.(Nature)