SOBREVIVENTES DE BIKINI AINDA CONVIVEM COM A EXPLOSÃO
2004-02-27
Na memória dos sobreviventes à explosão nuclear ocorrida em 1º de março de 1954 no atol de Bikini, no Japão, a lembrança da torrente de luz amarela que se transformava numa imensa bola alaranjada ascendente não está distante na memória. Para uma dessas testemunhas, como Matashichi Oishi, Bikini representa muito mais do que a atual região onde vivem pescadores. A 160 quilômetros a Leste de onde ele vive, os Estados Unidos detonaram uma bomba de hidrogênio há quase 50 anos. A bomba, apelidada de Bravo, era, na época, o maior artefato nuclear jamais testado pelos norte-americanos. A explosão foi mil vezes mais intensa que a registrada em Hiroshima e Nagasaki, e ocorreu quando a União Soviética reforçou a sua beligerância, no início da Guerra Fria. Cinco décadas depois, Oishi, ex-marinheiro, é dono de uma lavanderia em Tóquio. No dia da explosão, ele fazia parte da tripulação do Fukuryuy Maru número 5, conhecido como Dragão Sortudo, pois, de seus 23 tripulantes, 11 ainda vivem, embora tenham seqüelas da radioatividade. –O que me deixa furioso é que, embora tenhamos sofrido tanto, as armas nucleares ainda estão aí, cada vez melhores em qualidade, disse Oishi. –As pessoas não pensam sobre o incidente de Bikini porque os políticos nunca levaram isto a sério, acrescentou. (Japan Times, 27/2)