FALTA DE FISCALIZAÇAO, POBREZA E CORRUPÇAO FACILITAM BIOPIRATARIA NO EQUADOR
2004-02-26
Representantes de governos, cientistas e ambientalistas de mais de 180 países irão anunciar, até o final deste mês, seu compromisso com a conservação de áreas de preservação ambiental na 7ª Conferência das Partes sobre Biodiversidade, que se realiza em Kuala Lumpur, na Malásia. Contudo, um tema emergente no encontro, na quarta-feira passada (18/2), foram as ações desesperadas do Equador a fim de proteger milhares de animais e plantas em seu território do risco de contrabando. A legislação desse país com respeito ao transporte de espécies ameaçadas é fraca e quase não há fiscalização. No ano passado, as autoridades locais permitiram o roubo de 1.521 espécies de plantas e animais da área montanhosa, geralmente rumo a destinos cujos compradores eram capazes de pagar altas somas. Mas a área mais ameaçada do Equador, em termos de biodiversidade, são as Ilhas Galápagos, santuário que inspirou o cientista Charles Darwin no século 19. Autoridades dão conta do quase desaparecimento de espécies de plantas e animais marinhos antes abundantes nessas ilhas. Segundo o diretor de tráfico da América do Sul, Bernardo Ortiz, o pequeno tamanho do Equador e as suas estradas relativamente boas facilitam a ação de contrabandistas, potencializada pelo amplo leque de corrupção no país. Cerca de 94% das espécies de plantas roubadas do Equador são orquídeas, flor em extinção que chega a ser negociada pela absurda quantia de US$ 500 por variedade comum. - Nosso petróleo se foi, tudo que temos é nossa biodiversidade, disse Sérgio Lasso, coordenador da área de vida selvagem do Ministério do Meio Ambiente.(The Independent/ Environment, 19/2)