GRUPO DE MIAMI TENTA IMPOR SUA VISAO AO MUNDO EM KUALA LUMPUR
2004-02-23
O primeiro assunto debatido depois da abertura da Conferência da ONU em Kuala Lumpur foi o estabelecimento de um sistema internacional que regule o movimento transfronteriço de produtos transgênicos. Também está sendo discutida a necessidade de ser desenvolvido um mecanismo de troca de informações sobre os OGM. A este respeito, o Protocolo de Cartagena sobre exportações de organismos vivos geneticamente modificados, que entrou em vigor no dia 11 de setembro, contempla a construção e a gestão de um site que apresente todas as variedades de produtos transgênicos registrados. Além disso, na página serão encontradas todas as informações referentes a legislações nacionais e internacionais para que países regulem suas importações e exportações de OGM. As delegações dos Estados Unidos e da União Européia (UE), a primeira região que aplicou medidas internas para regular este tipo de material, formam dois dos eixos desta conferência. A divisão de opiniões também aparece na visão de futuro. Enquanto muitos Governos se dizem esperançosos com os enormes benefícios que esta técnica permitirá, como plantações imunes a pragas de insetos, as organizações ecológicas pintam um quadro desolador caso os alimentos transgênicos se generalizem. - A biotecnologia tem um potencial imenso para melhorar o bem-estar do homem, mas também pode originar riscos potenciais para a biodiversidade e a saúde humana, disse hoje na inauguração o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Klaus Toepfler. O principal grupo de oposição nesta conferência é o chamado Grupo de Miami, integrado por aquelas nações que não ratificaram este protocolo por defender os interesses de suas empresas produtoras de OGM: Estados Unidos, Canadá, Chile, Uruguai, Austrália e Argentina. A voz do Terceiro Mundo se deixou ouvir nesta sessão inaugural através de vários governos africanos que exigiram uma análise do risco que implica a aplicação dos OGM para as economias e culturas dos países mais pobres. O impacto do biocolonialismo nas práticas tradicionais de grupos indígenas também será objeto de análise nesta conferência nas próximas sessões.(EFE)