EXPERIMENTO REVELA PARTÍCULAS RESPONSÁVEIS POR NUVENS NA AMAZÔNIA
2004-02-20
Um artigo quase impenetrável que sai hoje na revista norte-americana Science acrescenta a peça que faltava no quebra-cabeças do clima da Amazônia. A descoberta de um composto inédito revela o elo fundamental na interação entre a floresta e a atmosfera da região e, ao mesmo tempo, ajuda a entender por que chove tanto por lá. A coleta de dados para a pesquisa foi realizada na região da hidrelétrica de Balbina, Amazonas. O estudo faz parte de um dos maiores projetos científicos em curso no Brasil, o LBA (abreviação em inglês de Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia), que reúne pesquisadores do Brasil, dos EUA e da Europa. Um dos cientistas que assinam o artigo é o físico brasileiro Paulo Artaxo, 50, do Instituto de Física da USP e coordenador do Instituto do Milênio do LBA. Ele explica que foi medida pela primeira vez a presença de uma mistura de duas variantes da substância 2-metil-tetrol (C5H7O4) na atmosfera amazônica e que ela é capaz de originar as partículas necessárias para que as nuvens se formem e a chuva despenque, chamadas núcleos de condensação. Os estudiosos do clima regional reviraram anos a fio a atmosfera em busca de aerossóis em quantidade que explicasse as enormes taxas de pluviosidade, mas a conta não fechava. (FSP/20/02)