2001-08-10
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, vai liberar as obras de ampliação do galpão de reciclagem construído pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e cedido na década de 80 ao Centro de Educação Ambiental da Vila Pinto. A informação é de uma das lideranças do Centro, que não quis se identificar. No início dessa semana, o colunista de Zero Hora, José Barrionuevo, divulgou a notícia de que a prefeitura iria embargar as obras nesse galpão que fora cedido à Vila Pinto. Segundo o colunista, um setor da prefeitura, que na verdade, não se trata da prefeitura, e sim, do DMLU, está querendo jogar o movimento sindical e popular contra o Centro de Educação Ambiental, onde trabalham 150 pessoas, sendo que destas, 80% são mulheres. O Centro foi idealizado e é coordenado por Marli Medeiros, cuja liderança já lhe rendeu diversas homenagens, inclusive no exterior. O DMLU, a pedido do então prefeito Tarso Genro, conseguiu para Marli Medeiros, a construção do primeiro galpão na vila. A partir daí, o projeto cresceu e outros galpões foram levantados, com a intenção de não somente separar e reciclar o lixo seco, mas também de exercer a cidadania naquela comunidade carente, através de atividades paralelas. A Vila Pinto, na década de 70, era tida como um dos maiores bolsões de miséria na América do Sul e era dominada pelo tráfico. Hoje, o panorama mudou, e muito se deve ao trabalho desenvolvido pelas mulheres da vila. Marli Medeiros, inclusive, sofreu várias ameaças, e sua filha em uma oportunidade acabou sendo agredida por traficantes, que a deixaram quase cega. Os traficantes sentiam que estavam perdendo o domínio da população, para aquela liderança que estava surgindo. Com a ampliação dos trabalhos, o Centro resolveu ampliar o galpaõ do DMLU e transformá-lo em um centro de educação para crianças, com creche, escola de música ( o Centro possui parceria com a OSPA), e outros projetos.