CLONAGEM DE EMBRIÃO HUMANO DIVIDE OPINIÕES
2004-02-13
Cientistas e líderes religiosos estão com opiniões divididas com respeito à clonagem de embrião anunciada pela Coréia do Sul, nesta semana. Para alguns cientistas, os pesquisadores da Coréia do Sul, ao extraírem células tronco de embriões clonados, deram um grande passo rumo o avanço de questões como substituição de tecidos e órgãos sem a necessidade de transplantes. Apesar disto, outros ainda vêem barreiras científicas e, particularmente, éticas para o êxito desse tipo de terapia. Para Jose B. Cibelli, professor de biotecnologia animal na Universidade do Estado de Michigan, um dos colaboradores com a pesquisa dos coreanos, o problema é que as restrições legais à pesquisa com células tronco, nos Estados Unidos, fará com que o país fique atrás nessa área do conhecimento. O diretor da revista Science (onde o estudo foi publicado), Donald Kennedy, concorda com a opinião de Cibelli. – Penso que não há dúvida que o grau de restrição imposto agora na pesquisa de células tronco nos Estados Unidos trará significativas vantagens a outros países, disse. Já alguns líderes congressistas norte-americanos, especialmente os ligados a alas religiosas, reagiram ao anúncio da pesquisa reivindicando uma nova legislação. –A clonagem humana é um erro. É anti-ético jogar com a fé humana, disse o deputado republicano Joe Pitts. Esta posição é similar à do presidente George W. Bush, que no mês passado disse que a vida humana é uma criação de Deus, não uma commodity, e não deve ser usada como material para experimentos inconseqüentes. Na Europa o assunto também causa controvérsias. Um dos mais críticos ao estudo é o presidente da Associação Espanhola de Bioética e Ética Médica, Manuel de Santiago. – Nenhuma clonagem verdadeira é moralmente admissível, afirmou. O catedrático de Microbiologia da Universidade Complutense de Madrid (UCM), César Nombela, e o catedrático de Genética da UCM, Juan Ramón Lacadena, mostraram-se cautelosos perante o estudo. Eles lembraram a existência de acordos internacionais, especialmente a Convenção de Oviedo sobre Biomedicina e Direitos Humanos, subscrito por numerosos países da OCDE, na qual se proíbe a clonagem com fins reprodutivos. Mas para a bióloga e coordenadora do Programa de Fecundação in Vitro e Donación do Institut Dexeus de Barcelona, Montse Boada, a investigação é importante e não implica problemas éticos. –O embrião usando neste caso não provém de um espermatozóide e de um óvulo, motivo pelo qual não há problemas éticos, sustenta. (El Mundo, Washington Post; ABC News 13/2)