RÚSSIA PODE RELANCAR GRANDE PLANO PARA MUDAR CURSOS DE RIOS
2004-02-12
Cientistas russos estão revendo um antigo plano soviético com a finalidade de mudar o curso de rios que passam pelas antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central. Os defensores do plano dizem que a medida pode resolver a crescente crise de água na região e reavivar o agora declinante Mar Aral, que uma vez já foi o quarto maior mar interior do mundo. O projeto, de US$ 40 bilhões, poderá ter suporte financeiro internacional. Recentes aumentos nos fluxos dos rios siberianos, provavelmente em função do aquecimento global, têm aumentado temores de que um Oceano Ártico menos salgado poderia reduzir extremidades dos golfos e espalhar ventos gelados pela Europa. A mudança parcial dos cursos dos rios da região poderia prevenir este problema. Mas alguns especialistas advertem que esse esquema amplamente ambicioso causará desastre econômico, social e ambiental. O megaprojeto foi rejeitado pelo líder soviético Mikhail Gorbachev em meados dos anos 80. Mas recentemente, tem recebido sustentação, especialmente do possível sucessor do presidente Vladimir Putin, Yuri Luzhkov. O esquema proposto seria, de modo rústico, equivalente a irrigar o México a partir dos Grande Lagos norte-americanos. Seria aberto um canal de 200 metros de largura e 16 metros de profundidade rumo à área sulina, por cerca de 2,5 mil quilômetros, da confluência dos rios Ob e Irtysh, localizados ao Norte, a fim de recompor os rios Amudarya e Syrdarya, perto do Mar Aral. Esse canal carregaria 27 quilômetros cúbicos de água por ano. Embora isto seja apenas 7% do fluxo do rio Ob, poderia trazer 50% a mais de água para as bases mais baixas do Mar Aral. Do ponto de vista econômico, a idéia é racional, pois os Estados do Centro da Ásia são dependentes da cultura do algodão, uma cultura notoriamente sedenta. Hoje, a região é a segunda maior do país em cultura do algodão, sendo que o Uzbequistão e o Turcomenistão têm o maior consumo per capita de água do mundo. (New Scientist, 9/2)