A COLETA DE OSTRA CRASSOSTREA BRASILIANA E MANEJO SUSTENTADO EM ÁREA DE MANGUEZAL (CANANÉIA - SP)
2004-02-04
RESUMO: A transformação de grande parte do município de Cananéia em Unidades de Conservação trouxe sérias alterações no modo de vida das populações tradicionais da região , que sempre se baseou na agricultura e no extrativismo dos recursos naturais animais (pesca, extração de moluscos) e vegetais (palmito, madeira, frutos etc.). A proibição das práticas agrícolas obrigou estas populações a se dedicarem a formas alternativas de subsistência, sendo uma das principais, atualmente, a extração de ostras, que na comunidade Mandira representa 90% na formação de renda. No presente trabalho foi estudada a disponibilidade desse recurso em função da capacidade de suporte, visando a sistematização do extrativismo, garantindo sua continuidade e incremento através de processos de manejo, engorda e cultivo. Os manguezais ocorrentes na região são vigorosos, tendo sido estimado para área uma cobertura de 68,15% de mangue alto (principalmente Rizophora), 30,78% de mangue baixo (predominância de Laguncularia e Avicennia) e 0,98% de mangue alterado. Devido às características do ambiente e da população local, vem sendo sugerida a transformação da área utilizada pela comunidade em reserva Extrativista, o que tornaria a população local responsável pela manutenção dos processos de renovação de variados recursos cuja exploração é fundamental para sua qualidade de vida.
Os estudos realizados até agora apontam uma pressão da comunidade sobre o recurso ostra um pouco acima de 200.000 unidades por mês. Considerando-se a área explorada com 1.000 ha, teríamos uma pressão em torno de 200 ostras/ha-mês, enquanto a densidade de ocupação natural varia de 400 a 7 indivíduos/m2 em função da distribuição vertical: da faixa superior da região entre marés às áreas permanentemente submersas, apresentando para a região intertidal densidade médias de 84 ostras/m2 , nos manguezais próximos ao sítio Mandira. Os dados biológicos sugerem uma capacidade de suporte em torno de 250 ostras/ha-mês compatível com o esforço exercido (embora perigosamente próxima ao limite), mantidas as condições atuais e seguidas as normas preconizadas no Plano de Utilização da Reserva Extrativista do Mandira, já aprovada pela Associação de Moradores.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autor: Alexandre Assis Bastos.
Contato: Mestrado de Ciência Ambiental (11) 3091-3116/3121.