FILME CONTA COMO UM PEQUENO POVOADO ENFRENTA UMA HIDRELÉTRICA
2004-02-03
Um dos problemas sócio-ambientais mais conhecidos no Brasil ganhou versão cinematográfica este ano. Trata-se do filme Os Narradores de Javé, que estreou há uma semana nos cinemas brasileiros. A história conta o que se passa no pequeno vilarejo de Javé, quando seus moradores recebem a notícia de que o lugar onde nasceram e cresceram será inundando pelas águas de uma grande hidrelétrica. Com muito bom humor, o filme da diretora Eliane Caffé, narra a forma inusitada como a comunidade do lugar enfrenta o problema. Eles decidem escrever um dossiê que documente o que consideram ser os grandes e nobres acontecimentos da história do povoado e assim justificar a sua preservação. O enredo aborda vários aspectos sociológicos da questão. - Se até então ninguém preocupou-se em escrever a verdadeira história de Javé, tal tarefa deverá agora ser executada pelos próprios habitantes, diz a sinopse do filme. Como a maioria dos moradores de Javé são bons contadores de histórias, mas mal sabem escrever o próprio nome, é necessário conseguir um escrivão à altura de tal empreendimento. É designado o nome de Antônio Biá, personagem anárquico, de caráter duvidoso, porém o único no povoado que sabe escrever fluentemente. Apesar de polêmico, ele terá a permissão de todos para ouvir e registrar os relatos mais importantes que formarão a trama histórica do vilarejo. Uma tarefa difícil porque nem sempre os habitantes concordam sobre qual, dentre todas as versões, deverá prevalecer na memória do povoado. Na construção deste dossiê, inicia-se um duelo poético entre os contadores que disputam com suas histórias - muitas vezes fantásticas e lendárias - o direito de permanecerem no patrimônio de Javé. Uma outra curiosidade do filme é que as locações foram feitas na região da Chapada Diamantina, nos municípios de Gameleira da Lapa e Bom Jesus da Lapa, um dos locais a serem afetados pela transposição do Rio Sao Francisco, um dos projetos prioritários do Plano Plurianual de investimentos do governo federal. Tendo o apoio da lei de incentivo à cultura o filme recebeu o patrocínio de empresas como Petrobras, Eletrobrás, Cemig, Gasmig, Varig e BNDES.