PNUD DIZ QUE PAÍSES POBRES SOFREM MAIS COM CATÁSTROFES POR FALTA DE POLÍTICAS ADEQUADAS
2004-02-03
A população dos países em desenvolvimento é muito vulnerável às catástrofes naturais como terremotos, furacões, inundações e secas, devido à falta de prevenção, constatou um relatório divulgado na segunda-feira (02), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). - Não é um problema de dinheiro, mas sobretudo de políticas de prevenção e de estratégias, afirmou o responsável pela unidade de ajuda em situações de desastres do Pnud, Andrew Maskrey, na apresentação do estudo. Maskrey, um dos autores do relatório, destacou que o objetivo não era analisar o impacto dos desastres no desenvolvimento, mas, ao contrário, verificar o impacto do desenvolvimento na prevenção dos desastres.
Os especialistas do Pnud examinaram as conseqüências de três das principais catástrofes naturais - terremotos, furacões e inundações - dos últimos 20 anos no mundo, limitando-se a avaliar o número de mortos. Concluíram que a principal causa do aumento do número de vítimas de catástrofes naturais é a falta de um planejamento adequado.
Em terremotos, a Armênia se destaca como o país mais sujeito a ter o maior número de mortos, com sete vezes mais risco que Irã e Iêmen, por exemplo. Na lista, também se destacam Turquia, Afeganistão, Índia, Itália, Argélia e México como países onde os tremores são suscetíveis de provocar um elevado número de vítimas. Já o Japão, um dos Estados com maior risco de terremotos, figura como pouco propenso, devido às rigorosas medidas de prevenção do governo tanto em normas de construção de edifícios e infra-estruturas para amortecer os movimentos sísmicos como em dispositivos de emergência, dois aspectos que reduzem muito a vulnerabilidade da população, observam os especialistas do Pnud.
Em relação aos furacões, os países mais sujeitos a registrar um elevado número de mortos são Honduras e Nicarágua, seguidos muito atrás por países como Cabo Verde, Suazilândia, Bangladesh, ilhas Salomão, El Salvador e Santa Lúcia. Maskrey destacou que, ainda que a maioria de ilhas do Pacífico ou do Caribe estejam mais expostas aos furacões, Cuba, apesar dos poucos recursos econômicos, é um bom exemplo da pouca vulnerabilidade da população em conseqüência das políticas de prevenção.
Quanto às inundações, Venezuela, Somália, Djibuti, Marrocos, Butão, Papua Nova Guiné, Gâmbia, Egito e Botsuana se destacam, nesta ordem, entre os países com mais chance de registrar muitas mortes. Os autores do relatório indicaram as dificuldades para avaliar com precisão outras conseqüências desse tipo de tragédias, como o número de feridos e o custo dos danos materiais, já que os critérios e os cálculos variam de um lugar para outro. Além disso, informaram que este primeiro estudo excluiu catástrofes como secas, incêndios naturais e erupções vulcânicas.
Nas recomendações, o Pnud destaca a importância de organizar instituições e organismos para enfrentar as catástrofes naturais, reforçar a legislação e as normas para evitar que a população se instale em zonas de risco e para fazer com que as infra-estruturas sejam capazes de resistir a esses fenômenos naturais. Maskrey disse que o descontrolado aumento da população em determinadas áreas urbanas de alto risco, a falta de legislação e instituições e as mudanças climáticas representam um fator de potencial desenvolvimento de risco de graves catástrofes naturais no futuro. (EFE)