PRESIDENTE DA NESTÉ ANUNCIA FIM DA EXPLORAÇÃO DA ÁGUA DE SÃO LOURENÇO
2004-01-30
Por Lucas Matheron, de Davos
Quando o embaixador de um movimento cidadão pede explicações ao patrão de uma multinacional, nem sempre volta para a casa sem resultado concreto. Ontem em Davos (Suiça), bastou ao militante brasileiro Franklin Frederick uma simples interpelação para provocar a reação, irritada, do presidente da Nestlé, Peter Brabeck-Letmathe. Num impulso diante do público do Open Fórum, Brabeck anunciou que a multinacional de Vevey (Suiça) renunciaria à exploração da fonte de água mineral de São Lourenço,no Brasil. O anúncio, se levado adiante, acabará com uma briga contra a Nestlé na qual se engajaram, desde 1999, os habitantes da cidade brasileira. A organização chamada Cidadania pelas Águas acusa a multinacional da gestão catastrófica das águas da região. O ativista apelou à responsabilidade social e ambiental que Brabeck esforçou-se em demonstrar. - Se a Nestlé orgulha-se do fato de ela respeitar as populações locais da região de Vevey, por que a empresa não faz o mesmo com os habitantes de São Lourenço? Indagou Frederick, observando que por causa da fonte de São Lourenço a Nestlé esta na berlinda no Brasil. A multinacional está sob ação judicial devido ao fato de ter desmineralizado as águas da fonte indevidamente. Esse procedimento transgride a legislação federal brasileira segundo a qual as águas minerais não devem ser alteradas. Além disso, a exploração desenfreada da fonte fez cair o nível do lençol freático, verdadeiro reservatório natural da cidade. - Se uma das oito fontes de São Lourenço está totalmente esgotada, mudou o sabor da água nas outras, lembrou Franklin Frederick. A dúvida que fica é se o Boss da Nestlé manterá a palavra. (Le Courrier - Tradução : Lucas Matheron, correspondente internacional da Rede CTA-JMA)