O COMPORTAMENTO APÓS OCORRÊNCIA DE GRANDE ACIDENTES
2004-01-20
CAPÍTULO 3 : Se reportarmos a alguns dos acidentes que aconteceram no mundo e que levaram a situações dramáticas, com grandes efeitos externos, podemos afirmar que foi a ocorrência destes que ampliou a preocupação quanto a riscos tecnológicos, configurando assim uma nova postura após a ocorrência destes desastres. É importante destacar que, tanto em nível local, nacional ou internacional, as posturas postura frente à ocorrência de acidentes se diferenciam. Os fatos e os estudos mostraram que à ocorrência de grandes acidentes, como em Seveso, na Itália, e em Bhopal, na Índia, reforçaram a preocupação quanto aos riscos industriais, internacionalmente gerando várias ações no sentido do seu maior controle social, tais como: legislação e pressões de grupos organizados. Destacamos aqui no Brasil, na vila Socó - Cubatão /SP, a explosão de combustível; no do Pólo Industrial de Campos Elíseos /RJ, o incêndio de grandes proporções, com duração de 15horas. Como conseqüência, a postura adotada no Pólo Industrial foi a elaboração e implantação de um sistema de resposta para emergências externas, ainda com parte integrante dos planos de gerenciamento de riscos em andamento. No Rio Grande do Sul, em Canoas, houve a queima parcial da empresa Trorion, em 1996, e, mais recentemente, na empresa AGIP-LIQUIGÁS, em maio de 1999. As dimensões assustadoras do sinistro e as repercussões na vida familiar e comunitária estão confirmadas nas noticias, conforme material em anexo.Tudo leva a crer que há necessidade de preparo comunitário, de preparo dos órgãos públicos e de preparo das empresas. Após o incêndio na AGIP LIQUIGÁS, constata-se que as pessoas se diferenciaram quanto á percepção e vivências dos riscos. O bairro Rio Branco vivenciou o incêndio, as explosões e o temor de vazamento. Sobretudo, houve grande pavor pela possibilidade de que ocorressem explosões nos tanques de 60 toneladas de gás ou pelo possível rompimento dos dutos que ligam o bairro à REFAP. As pessoas que tiveram algum treinamento tomaram decisões mais adequadas e condizentes com a situação, enquanto que as pessoas e os órgãos públicos mais despreparados tiveram reações e atitudes inadequadas que levaram a conseqüências sociais e familiares sérias. Embora aconteçam situações dramáticas de riscos não há garantias de planejamentos preventivos para novas ocorrências, nem tomadas de decisões imediata. E o que se viu na cidade de Canoas. Considerando essas situações, por si só preocupantes, acrescentamos outras fontes de inquietação. Um sentimento de impotência face aos riscos industriais parece ser o reinante na comunidade. Por outro lado observa-se que o comportamento é de excessiva confiança no poder público nos técnicos e no setor administrativo das indústrias, traduzida por uma frágil argumentação, de certa forma singela, quando ocorrem acidentes por falha técnica ou falha humana. Por último, é possível constatar também que os problemas de desemprego, de segurança, de falta de habitação e de escolas é que ocupam a pauta de decisões dos atores políticos. Por isso, devem ser relegados a segundo plano as ameaças e os riscos industriais na cidade. Essas argumentações passam a ser vistas como uma das vulnerabilidades não só de nossa comunidade como também da sociedade como um todo são chamadas de vulnerabilidades ideológica, porque tem relação com a forma como os homens concebem o mundo, o ambiente no qual habitam e com o qual interagem. Uma investigação sobre riscos localiza-se numa corrente que deriva seus postulados da teoria do conflito e das contradições sociais. Para Lavell(1996,p.49),o risco é produto de uma contradição entre os interesses particulares e a segurança de outros ou da comunidade. A forma de resolver essa contradição passa a ser objetivo das mobilizações e das lutas políticas.
Instituição: Pós-Graduação em Gerenciamento Ambiental da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).
Autora: Sílvia Szyika.
Contato: (51) 3225-6165.