CAIÇARAS NA MATA ATLÂNTICA: PESQUISA CIENTÍFICA X PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL
2003-11-20
RESUMO: Em todas as unidades de conservação onde há populações humanas, a maior parte dos conflitos população-unidade tem como palco e/ou razão o espaço físico ocupado (Brito, 1995). A discussão sobre a permanência ou retirada das populações humanas tradicionais do interior das unidades de conservação de mata atlântica no Brasil é extremamento polarizada e tem trazido poucos resultados práticos. A questão básica para a solução dos problemas da permanência destas populações no interior de unidades de conservação é: haverá acúmulo suficiente de estudos que permitam uma resposta científica ao problema?
Esta pergunta inicial deu origem ao objetivo desta dissertação: levantar e organizar os trabalhos já publicados sobre populações tradicionais caiçaras, com enfoque na sua relação com a mata atlântica, de forma a tentar responder à pergunta formulada. Com a delimitação do objetivo, formularam-se duas hipóteses que nortearam o trabalho. A primeira decorreu mais diretamente da pergunta formulada: a discussão sobre a permanência versus retirada de populações caiçaras do interior de unidades de conservação de mata atlântica tem caráter político ideológico, uma vez que não há dados concretos para embasá-la. Na Segunda hipótese, procurou-se verificar a necessidade da superação das barreiras disciplinares como forma de produzir trabalhos que venham a solucionar a questão: não existe nenhuma linha teórica que consiga tratar, pôr si só, da questão como um todo e portanto há necessidade de uma matriz formal multidisciplinar para tratar satisfatoriamente do problema.
Para responder às duas hipóteses levantadas, procedeu-se a uma análise da literatura publicada sobre populações caiçaras segundo dois aspectos: qualitativo e quantitativo. No primeiro caso, foram analisados os trabalhos que trataram da relação destas populações com o meio terrestre, mais precisamente com a mata atlântica, privilegiando-se as atividades agrícolas (roça itinerante) e a caça. No segundo caso, inclui-se toda a literatura, ou seja, também aqueles trabalhos que consideraram a relação com o mar e a pesca. Através de uma análise bibliométrica comparativa com o periódico American Anthropologist, procurou-se traçar um perfil da produção nacional sobre populações caiçaras, com relação à bibliografia internacional sobre populações tradicionais com enfoque ecológico.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autora: Cristina Adams.
Contato: Mestrado de Ciência Ambiental (11) 3091-3116/3121.