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2003-10-27
Por Mariano Senna da Costa, de Berlim
Desembarcou ontem no Brasil para uma visita oficial de cinco dias o Ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Jürgen Trittin. Conhecido como ferrenho defensor dos subsídios estatais para as energias renováveis, ele está no cargo desde outubro de 1998. Nesse período conseguiu entre outras coisas criar um projeto econômico para incentivar a reciclagem de embalagens, garrafas e latas para bebidas, manter a política que prevê o desligamento das usinas atômicas da Alemanha, além da manutenção das subvenções para as empresas geradoras de energia renovável do país. — Subsídios para a energia renovável são investimentos para o futuro, declara ele. No cenário político atual, Jürgen Trittin, é visto como um trunfo do governo do chanceler Gerhard Schröder para reconquistar a popularidade, fortemente afetada pelo projeto de reforma do sistema sócio-previdenciário, conhecido como Agenda 2010. Sua última cartada foi a proposta de decreto que concede isenção de impostos para o biodiesel. Segundo técnicos do governo a medida terá reflexo direto no setor de transportes, pois como pode ser misturado ao diesel comum na bomba de abastecimento, a isenção para o biodiesel também causará queda no preço do combustível convencional. Jornalista por profissão, Trittin é natural de Bremen, uma das maiores cidades da Alemanha. Mesmo tendo nascido em 1954 no lado capitalista do país ainda dividido pela guerra fria, sua juventude foi marcada por intensa participação no movimento estudantil alemão. Comunista por filosofia, Trittin participou da criação do movimento conhecido como a nova esquerda alemã no início da década de 90. Autor do livro O Mundo para O Mundo - Justiça e Globalização, o ministro acredita que a ecologia é a única corrente política capaz de conduzir o mundo para uma união global equilibrada. — Nós temos apenas um mundo. Só através da ecologia conseguiremos vencer o desafio do século XXI de produzirmos uma justiça global, escreve ele na introdução. Procurado na semana passada para uma entrevista exclusiva, a fim de esclarecer seu ponto de vista sobre questões como a participação de empresas alemãs em empreendimentos não ecológicos no Brasil e em outros países, o ministro respondeu através de sua assessoria de imprensa que não poderia atender ao pedido por questões de agenda.

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