PESQUISA COM CASCA DE CAMARÃO APONTA BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
2003-10-24
A universitária Cristhiane Assenhaimer, do 7º semestre de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conquistou o 1° lugar do Prêmio Jovem Cientista com uma pesquisa sobre como a casca do camarão. Em geral, desperdiçada pela indústria pesqueira, pode despoluir o meio ambiente. O trabalho foi realizado em parceria com uma aluna de mestrado, Adriana Moret, sob a orientação do professor Jorge Rubio e pesquisou a remoção de íons sulfato com o dejeto. O trabalho surgiu quando constatado a existência de dois problemas. Os íons sulfato, quando presentes nas águas industriais, causam grandes prejuízos às industrias, pois acabam gerando incrustações que causam o entupimento das tubulações, além de provocar corrosão das mesmas. Por outro lado, o Brasil é um grande produtor de camarão (um dos maiores do mundo) e, portanto, gera grandes quantidades de resíduo, a casca de camarão (cabe salientar que cerca de 40% do camarão é cabeça e casca), que são clandestinamente enterrados ou jogados nos rios e mares, causando um grande impacto ambiental. — Nós sabíamos, da literatura, que a quitina, principal componente da casca de camarão, removia diversos íons, entre eles, o sulfato. Resolvemos, portanto testar se a casca do camarão também o removeria. Depois de diversos ensaios e estudos, conseguimos chegar a 92% de remoção de todo o sulfato presente, afirma Cristhiane. Os ensaios foram realizados apenas em escala de laboratório, porém já foram realizados alguns testes em efluentes reais fornecidos pela indústria com excelentes resultados. — Ótimos resultados também foram obtidos na adsorção de íons molibdato, os quais são extremamente tóxicos, lembra Cristhiane. Um fato importante é que o sulfato agregado à casca pode ser posteriormente removido e usado para produção de diversos produtos e reagentes industriais, entre eles o sulfato de amônio, que é um fertilizante, os quais poderiam ser vendidos e, assim, diminuir os custos do processo. Com relação à casca, depois de remover o sulfato presente na mesma, ela pode ser reutilizada.