EVOLUÇÃO DA BIOMASSA FLORAL EM ANGIOSPERMAS
2003-10-22
RESUMO: As flores são estruturas fundamentais na evolução das angiospermas. A biomassa floral é uma importante variável que permite comparar o investimento relativo destas diferentes estratégias. Para as plantas, produzir flores grandes é garantia de um maior sucesso na reprodução cruzada. Para os polinizadores, mediadores do processo de seleção sexual em plantas, flores grandes indicam maior quantidade e qualidade de recursos alimentares, como néctar e grãos de pólen. O primeiro capítulo, um estudo comparativo contendo informações de 84 espécies de angiospermas, teve como objetivo (i) descrever a variação interespecífica da biomassa floral e (ii) verificar como características vegetativas, reprodutivas e abióticas estão influenciando na evolução das estratégias florais. Os resultados indicaram que árvores de grande porte, com folhas grandes e numerosas investem mais em biomassa floral do que arbustos e ervas, que possuem folhas pequenas e pouco numerosas. Flores de maior biomassa exibiram cor avermelhada, são polinizadas por vertebrados e apresentaram um diâmetro floral maior do que o esperado por modelos alométricos. Fatores abióticos não apresentaram correlação com a biomassa floral. Assim sendo, a evolução das estratégias florais das angiospermas é dependente das estratégias vegetativas adotadas pelas espécies. O segundo capítulo, um estudo alométrico que compara as informações das 84 espécies sul-americanas com 39 espécies de angiospermas norte-americanas, visou (i) testar se a alocação de biomassa em gineceu, androceu, corola e cálice é independente da biomassa total da flor e (ii) verificar a generalidade biogeográfica dos padrões alométricos encontrados. Os modelos alométricos demonstraram que a alocação de biomassa em estruturas sexuais primárias é desigual entre as funções feminina e masculina. Tanto para as espécies norte-americanas quanto para as sul-americanas a função feminina apresentou uma alometria negativa. A função masculina apresentou um modelo isométrico para as espécies sul-americanas e alométrico positivo para as espécies norte-americanas, sugerindo que a competição entre machos é o principal mecanismo responsável pela evolução da biomassa floral. A corola, que atua como característica sexual secundária na atração dos polinizadores, apresentou um modelo isométrico semelhante àquele apresentado pelo androceu, sugerindo que ela exerce um impacto bem mais profundo na aptidão masculina do que na feminina. O cálice, que atua como estrutura de proteção do botão floral, apresentou um modelo isométrico ou alométrico negativo. Os padrões alométricos interespecíficos de alocação de biomassa foram consistentes sugerindo que as forças evolutivas que agem na modulação das características sexuais primárias e secundárias em plantas sejam comuns às diversas linhagens das angiospermas.
Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos-RS).
Autor: Carina Lima da Silveira .
Contato: Mestrado em Biologia (51) 591-1122.