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2003-10-16
Por Mariano Senna da Costa, de Berlim
O Brasil está entre os 10 países do mundo, junto com EUA, África do Sul, Finlândia, Rússia, Iran, Índia, Paquistão, China, Coréia do Norte, Coréia do Sul e Japão, que participam do projeto Inpro (International Project on Inovative Nuclear Reactor and Fuel Cycles). Ou seja, esses países estão investindo no uso civil da energia atômica. Orientado pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), o Inpro prevê o desenvolvimento de novos reatores, mais eficientes, seguros e com menor impacto ambiental. Criado para legalizar o comércio de tecnologia atômica no mundo, o Inpro, enfrenta um gigantesco desafio. Provar científica, ambiental e economicamente a viabilidade da utilização pacífica do processo de manipulação do átomo. — Se o Plutônio puder ser substituído por metais pesados como o Thórium, teremos reatores com menos problemas na produção e reutilização do seu combustível, acredita o físico italiano, premio Nobel, Carlo Rubbia. O sonho de Rubbia é a construção de um reator nuclear que de um lado produza energia e de outro elimine a radioatividade dos seus resíduos. O problema ainda é o conhecimento técnico limitado e o alto custo da pesquisa nessa área. Hoje reciclar ou eliminar o lixo nuclear continua sendo um problema até para países de tecnologia avançada. Só a União Européia aguarda a eliminação de 500 toneladas de Plutônio altamente radioativo. Por ano, mais de 70 toneladas de lixo plutonico sao acrescentadas no mundo. E isso é apenas uma pequena parte do total. Os 437 reatores atômicos do planeta produziram até hoje cerca de 255 mil toneladas de resíduos altamente radioativos. Até 2020, segundo previsões da IAEA, a montanha de lixo radioativo pesará 450 mil toneladas. Os mesmos especialistas que calcularam essa quantidade acreditam que com a tecnologia disponível hoje seriam necessários entre 250 mil e um milhão de anos para que esse material perca a periculosidade. Do ponto de vista econômico também há problemas. A instalação de um novo reator custa hoje entre três e 10 bilhões de dólares. — Além do custo, o tempo de instalação torna anti-econômico o investimento em usinas nucleares, diz Michael Sailer, especialista do Eco-Instituto de Darmstadt e chefe da Comissão de Segurança de reatores do governo alemão. — Enquanto um reator atômico pode demorar 20 anos entre o processo de construção até sua geração plena, uma usina a gás leva apenas cinco anos para entrar em operação, compara ele. Para Sailer não há vantagens, a não ser para empresas do ramo, na geração de energia atômica, sem falar nos riscos. Para a construção de uma bomba atômica são necessários apenas 10 Kg de Plutônio enriquecido e são muito sutis as diferenças entre o uso civil e militar dessa tecnologia. — Contra um ataque terrorista como o do 11 de setembro nenhum reator hoje está imune, garante.

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