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2003-10-07
RESUMO: A reconstituição paleoambiental do Grupo Bauru (Neocretáceo) foi procedida nas formações aflorantes no Triângulo Mineiro. A Formação Uberaba foi depositada por leques aluviais, em cujas porções distais, corpos lacustres relativamente rasos recebiam aporte fluvial episódico, na forma de turbiditos lacustres. Em direção ao topo da Formação Uberaba, os corpos lacustres foram progressi-vamen-te mais assoreados, até que sistemas fluviais entrelaçados, provenientes de norte (N-NW e N-NE), dominaram a sedimentação. A Formação Marília compreende sistemas fluviais entrelaçados (braided), provenientes de nordeste, desenvolvidos numa extensa planície aluvial, onde existiam vários pequenos lagos. O Membro Ponte Alta consiste em depósitos lacustres, palustres e calcretes altamente retrabalhados por sistemas fluviais, enquanto que o Membro Echaporã é composto por depósitos fluviais de correntes efêmeras, em cujas planícies formavam-se calcretes em vertissolos, com vegetação freatofítica associada. O Membro Serra da Galga compreende depósitos fluviais gerados por correntes entrelaçadas, que incorporavam fragmentos de calcrete ao material terrígeno trazido da área fonte. A Formação Adamantina foi depositada por canais fluviais entrelaçados, provenientes de noroeste, alimentando vários pequenos lagos que se distribuí-am pela planície aluvial. Nos períodos secos, estes lagos retraíam-se (podendo até secar) e o sistema fluvial restringia-se, propiciando o retrabalhamento eólico dos sedimentos. A análise paleoambiental indicou que o Grupo Bauru foi depositado sob clima árido a semi-árido com marcada sazonalida-de, onde longos períodos de seca alternavam-se com períodos de chuva intensa. A sazonalidade condicionou tanto a sedimentação como os ciclos de vida na bacia. A evolução paleoclimática foi dividida em dois momentos: T1, ao tempo de deposição da Formação Uberaba (em Peirópolis) e da Formação Adamantina (em Prata); e T2, quando da deposição da Formação Marília (membros Ponte Alta/Serra da Galga em Peirópolis, e Membro Echaporã em Prata). Tanto em T1 quanto em T2, os jazigos fossilíferos encontram-se em depósitos fluviais, associados lateral e verticalmente a depósitos lacustres (terrígenos ou carbonáticos). A análise petrográfica sugere que, apesar das particularidades apresentadas por cada unidade, todas foram submetidas a uma diagênese rasa e pouco intensa neste contexto, onde o processo comum foi a extensiva cimentação carbonática. A eodiagênese, bastante similar em todas as formações estudadas, foi caracterizada por uma cimentação precoce, com pouca compactação mecânica e percolação de soluções alcalinas. A eodiagênese do Grupo Bauru confirma a atuação de um paleoclima semi-árido a árido, com marcada alternância climática, onde períodos mais úmidos intercalavam-se com períodos secos. A petrologia das unidades permitiu também observar uma nítida mudança na área fonte da Formação Uberaba para a Formação Marília, em Peirópolis. A fonte vulcânica e sedimentar da Formação Uberaba é substituída pela contribuição de rochas do embasamento plutônico-metamórfico presente na Formação Marília, demonstrando que a região foi submetida a uma contínua erosão, expondo progressivamente as rochas mais antigas. Ainda com relação à área fonte, uma característica comum a todas as unidades é a extensiva contribuição intrabacinal, comprovando a importância do retrabalha-mento na sedimentação Bauru. Os estudos tafonômicos permitiram correlacionar os fósseis oriundos da Formação Uberaba com aqueles da Formação Adamantina, já que eles sofreram processos de fossilização similares em T1. A análise tafonômica permitiu também diferenciar os fósseis de T1 dos fósseis da Formação Marília, preservados em T2 sob diferente contexto tafonômico. Estudos petrográficos revelaram a participação da diagênese na expansão dos ossos durante a fossilização, sugerindo que tais aspectos sejam considerados em estudos futuros.
Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos-RS).
Autor: Karin Goldberg.
Contato: Mestrado em Geologia (51) 591-11-22.

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