ESTRUTURAS BIOGÊNICAS DA ÁREA DO CANAL DE DESEMBOCADURA DA LAGOA DO PEIXE (MOSTARDAS, RS): UM MODELO ANÁLOGO À ICNOFÁCIES PSILONICHNUS
2003-09-18
RESUMO: Caracterizando um ecótono equivalente ao representado pela Icnofácies Psilonichnus, a icnofauna da região do canal de desembocadura da Lagoa do Peixe foi analisada, visando refinar as interpretações paleoecológicas e paleoambientais de ambientes análogos obtidas a partir da ocorrência da icnofácies no registro fóssil. Galerias em Y e J correspondentes a Psilonichnus modernos e feitas e ocupadas por caranguejos, além de trilhas de aves, dominam a icnofauna das margens da lagoa, enquanto escavações de pastagem e moradia de poliquetas, estruturas de repouso e de fuga de siris, e trilhas de deslocamento de caranguejos dominam nas áreas inundadas. Trilhas e galerias de insetos são observadas próximo ou junto ao cordão de dunas, associados à vegetação de restinga e a trilhas de répteis e pequenos roedores. A presença de trilhas e galerias de artrópodes é freqüente, sugerindo ser um elemento importante na icnofácies, mas de baixo potencial de preservação; quando preservadas, podem ser indicativas da icnofácies, mesmo na ausência de Psilonichnus. Exemplares de Psilonichnus com profundidades distintas numa mesma assembléia sugerem variações do nível do lençol freático e conseqüente proximidade ou distância de corpos dágua. A Icnofácies Psilonichnus revelou-se ser um indicador seguro de variações do nível do mar, desde regionais até globais, em escala relativa. Produzidas durante períodos de stillstand, a preservação das escavações se dá a partir do estabelecimento de eventos significativos de inundação marinha, seguidos da instalação de um trato transgressivo. Quando do estabelecimento de trato de mar baixo, entretanto, seu registro é parcial ou completamente apagado.
Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos-RS).
Autor: Marcelo Engelke Grangeiro.
Contato: Centro de Ciências da Geologia (51) 591-1122.