Leontino Balbo Jr., agrônomo exímio, o grande idealizador e executor da produção da Native, empresa do Grupo Balbo, que abastece 60% do consumo mundial de açúcar orgânico, provou que a mata e os animais têm tudo a ver com a história da produção de açúcar orgânico, pois as ilhas de biodiversidade que Leontino criou ou recuperou no meio do canavial são essenciais a esse tipo de cultivo. As espécies que vivem na floresta, desde pássaros a insetos, ajudam no controle de pragas que atacam a cana. Ao mesmo tempo, o solo do canavial livre de agrotóxicos, repleto de minhocas e insetos, torna-se um banquete que sustenta a base da cadeia alimentar dos bichos que vivem na mata. Com isso, a Native pôs por terra o mito segundo o qual, para se ganhar dinheiro com uma monocultura, é preciso derrubar a floresta e limpar o terreno. Claro que não é assim tão simples. Leontino, apoiado pelo restante da diretoria, apanhou durante anos antes de conseguir promover o equilíbrio biológico e alcançar uma proeza: os índices de produtividade da Native superam os do cultivo convencional à base de fungicidas, herbicidas e adubos químicos. Não fosse teimoso e obcecado pela idéia dos orgânicos, teria desistido. Em uma plantação orgânica, o controle biológico é a principal arma. É preciso tomar como aliados animais que atacam naturalmente as pragas. (Carta Capital/32, 17/09)