ESGOTO DO IBIRAPUERA É ESTÉTICO NA BIENAL EM SÃO PAULO
2003-08-28
No próximo mês, algumas das experiências mais sofisticadas realizadas em metrópoles como Tóquio, Nova York, Berlim, Londres e Pequim serão discutidas, na Bienal de Arquitetura de São Paulo, por alguns dos mais renomados urbanistas internacionais. Imperceptível aos debatedores, a cem metros do Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, um cano de esgoto seria um irônico exemplo das dificuldades de gerir uma metrópole. No Pavilhão da Bienal, ocorrem exposições que conectam o país ao cosmopolitismo e à vanguarda cultural. O esgoto produzido ali reproduz, porém, um cenário medieval vai direto para o córrego que abastece o lago do Ibirapuera. Fosse aquele simbólico cano, que exala odor de urina e fezes, uma instalação de arte, criada para ser exposta na Bienal como uma forma de denunciar as contradições e complexidades de uma metrópole, alguém diria ser obra de um gênio. Mas é apenas a obra de um anônimo operário. (FSP/Cotidiano/C2, 27/08)