O risco ignorado de doenças infecciosas pode transformar em desastres ambientais até as mais bem-intencionadas tentativas de salvar animais da extinção, e a fauna brasileira já começa a ter mostras do perigo. Somem-se a isso os agentes infecciosos que o comércio e o tráfico de animais podem espalhar e se tem uma idéia do tamanho da ameaça que as doenças representam para os esforços de preservação da biodiversidade. O alerta, que será levado à 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, pelo diretor técnico-científico da Fundação Zoológico de São Paulo, José Luiz Catão-Dias, encontra eco entre ambientalistas. É relativamente comum pesquisadores conservacionistas manifestarem ignorância sobre o efeito catastrófico de certas epizootias, relata Catão-Dias. No Brasil, doenças têm dificultado esforços de conservação. Há quatro anos, pesquisadores relataram um surto de leptospirose entre primatas transferidos para um zoológico de São Paulo depois de resgatados de uma área prestes a ser inundada para construção de uma usina hidrelétrica. O pesquisador acredita que a única maneira de salvar os animais ameaçados desse risco é ampliar os estudos sobre as doenças a que eles podem estar sujeitos. (Globo.com, 14/07)