PRESIDENTE DA ANA CONTESTA DADOS SOBRE HIDRELÉTICAS
2003-06-05
A capacidade de fornecimento de energia das hidrelétricas está superestimada pelo método de cálculo usado no governo, que fornece sinais equivocados sobre os riscos de um novo racionamento. Esse método tem de ser revisto para levar em conta a queda na capacidade de geração criada pelos outros usos das águas nos reservatórios dessas usinas, alerta estudo preparado pelo diretor-presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Jerson Kelman. O estudo do dirigente da ANA propõe mudanças para reduzir o valor dos Certificados de Energia Assegurada (CEA), que determinam o quanto cada usina deve receber no mercado de energia. Uma simulação, com dados de 2002, sobre o uso do rio São Francisco, mostra que só a retirada de água para irrigação reduz em quase 8% a capacidade de garantir fornecimento contínuo de energia, das usinas Sobradinho, Itaparica e Xingó. Kelman, ao propor que o governo, na concessão de CEAs para novas usinas, leve em conta os futuros usuários dos reservatórios dessas geradoras, em atividades como irrigação e navegação. Ele concorda, porém, que o atual excesso de energia no sistema elétrico nacional incentiva o governo a fazer logo o ajuste: o momento é agora, quando há energia sobrando. ( Valor Online, 04/06)