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2003-06-02
As montanhas submersas são elevações de pelo menos mil metros de altura, do fundo do oceano ao topo da formação, sendo que este pode estar a profundidades de 2 mil metros. Embora existam dezenas de milhares dessas montanhas, nas regiões mais profundas dos oceanos, somente mil têm nome e menos de 200 já foram efetivamente pesquisadas. Isso porque as coletas de amostras para identificação de espécies são difíceis e dependem de tecnologias - como sondas e submergíveis - desenvolvidas apenas no final dos anos 70, quando também a indústria de pesca se aparelhou para alcançar grandes profundidades e iniciou a exploração destes ecossistemas. --Montanhas submersas são centros de especiação, refúgios de espécies endêmicas e zonas de distribuição para espécies ocêanicas e, portanto, promovem e mantêm a biodiversidade dos oceanos--, resume Karen Stocks, do Centro de Supercomputadores de San Diego (SDSC), nos Estados Unidos. Segundo ela, cada montanha tem comunidades de plantas e animais únicas, que diferem mesmo das montanhas adjacentes. --Duas montanhas vizinhas têm apenas 21% das espécies em comum, notadamente peixes com grande mobilidade, e duas montanhas distantes mil quilômetros tem apenas 4% das espécies em comum--. O mesmo isolamento genético, que torna cada montanha única, em termos de biodiversidade, dá a dimensão da fragilidade dos ecossistemas. A pesca de profundidade é realizada, em tais montanhas, com grandes redes de arrasto, que possuem transponders acústicos nas pontas, para localizar cardumes, à semelhança do sonar dos morcegos ou golfinhos. Segundo Gregory Stone, do New England Aquarium, EUA, as redes destroem o fundo por onde passam, além de capturar acidentalmente uma grande quantidade de organismos não comerciais, que são jogados fora. --Muitos peixes de profundidade, capturados acidentalmente não resistem ao choque de temperatura, porque estão adaptados a ambientes a 2º ou 4º C e são levados para fora, onde a temperatura está entre 25º e 35º C. E os peixes que tem bexigas nadatórias (pequenos reservatórios de ar para manter a estabilidade) literalmente explodem com a diferença de pressão--. Em outras palavras, mesmo devolvidos ao mar, os seres capturados acidentalmente morrem. A destruição pelo arrasto e o rápido declínio dos peixes comerciais, associados a tal ambiente, levou a Nova Zelândia a declarar uma moratória de pesca em 19 montanhas submersas dos oceanos próximos. --Nas montanhas não exploradas existem em média 10% de rochas nuas e 90% de comunidades de corais, esponjas, estrelas do mar, algas e outros seres, enquanto nas montanhas exploradas com arrasto, 95% é rocha nua e apenas 5% de organismos vivos resistiram--, acrescenta Laurence Madin, do Instituto Oceanográfico Woods Hole. A exploração das montanhas submersas, sobretudo por navios-fábrica europeus, japoneses e de outros países sul asiáticos, vem ocorrendo em praticamente todos os oceanos. Não há monitoramento dos impactos e nem controle, já que boa parte destas montanhas se encontra em águas internacionais. No Brasil, as principais cadeias de montanhas submersas estão localizadas entre Vitória (ES) e a Ilha de Trindade, no litoral sudeste, e ao norte da costa cearense. Mas mal se conhecem as espécies - algumas poucas amostragens foram feitas pela Universidade de São Paulo (USP) - e não há qualquer unidade de conservação. (OESP, 01/06)

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