APLICAÇÃO DE ÍNDICES AMBIENTAIS PARA A AVALIAÇÃO DA SUB-BACIA DO ARROIO MARATÁ, BACIA DO RIO CAÍ (RS)
2003-04-08
RESUMO: O arroio Maratá e seus tributários formam uma das sub-bacias do rio Caí, no Estado do Rio Grande do Sul. A sub-bacia do Arroio Maratá possui uma área aproximada de 250 quilômetros quadrados e uma população de cerca de 25 mil habitantes. A vazão média é de 5 metros cúbicos por segundo e a vazão 7Q10 é de 0,25 m3/s. O presente trabalho objetivou avaliar a qualidade ambiental desta sub-bacia através de aplicação de índices ambientais. Foram estabelecidos quatro pontos de amostragem com base na geomorfologia da bacia do rio Caí, com base na bibliografia, e em mapeamento do uso do solo, realizado a partir de imagem de satélite já classificada. Em janeiro, maio, agosto e novembro de 2001 foram realizadas amostragens de macroinvertebrados bentônicos e de água para análises físicas, químicas e microbiológicas, a caracterização do ambiente fluvial e medições do fluxo. Os macroinvertebrados foram identificados, enumerados em nível de família, avaliados quanto à diversidade, à riqueza e à organização funcional. A qualidade da água foi avaliada pelos índices da National Sanitation foundation (NSF) e da Companhia Estadual de Tecnologia em Saneamento de São Paulo (Cetesb). Obteve-se matrizes de semelhança a partir dos elementos do ambiente fluvial, dados de qualidade da água e do fluxo; das enumerações, valores de riqueza e macroinvertebrados e variáveis ambientais foram submetidas ao teste de Mantel e à aleatorização. Quanto ao uso do solo, predominaram as florestas (55,4%), seguidas de campos e pastagens (21,4%). As notas do ínide da NSF revelaram qualidade boa em 81,3% das amostras analisadas. O produto deste índice pelo índice de toxidez, considerando padrões ambientais de mercúrio da classe 2 da resolução n°20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, revelou qualidade boa em 43,8% das amostras. Quanto aos índices da Cetesbm verificou-se os seguintes resultados: Índicede Proteção da Vida Aquática, qualidade ruim em 62,5% das amostras e boa em18,75%: Índice do Estado Trófico, águas hipereutróficas em 44% das amostras e eutróficas em 31% e Índice de Parâmetros Essenciais para a Preservação da Vida Aquática, boa qualidade em 56% das amostras e regular em 44%. As águas do Maratá apresentam teor elevado de sódio, sendo este o cátion dominante. Verificou-se pequena influência de esgotos na qualidade da água no ponto 2, junto a sede do município de Maratá; no entanto não foram verificados níveis elevados de matéria orgânica, mas os níveis de fósforo foram elevados. O mercúrio foi detectado na água em níveis acima dos padrões ambientais. A análise de componentes principais e os testes de aleatorização não demonstraram padrões e ou grupo definidos de unidades amostrais quanto à qualidade da água, o que confere com às condições de conservação e uso do solo da bacia e seu regime hidrológico que propicia a diluição dos lançamentos. As seguintes correlações foram verificadas por meio do teste de Mantel: Enumeração do grupo Ephermeroptera-Plecoptera-Trichoptera vs ambiente fluvial, Índices de Margalef vs ambiente fluvial e Simpson vs ambiente fluvial, a Enumeração da Família Dominante vs fluxo e o Índice de Shannonn vs qualidade da água. A macrofauna bentônica foi mais rica e diversa na região superior a oArroio (ponto 1) e na região inferior (ponto 3) diminuindo em direção à foz. A produção interna sofreu incremento em direção à Foz, como indicaram os grupos funcionais de organismos bentônicos. Os níveis de poluição na sub-bacia do Arroio maratá estiveram aquém de causar alterações na estrutura e organização funcional da comunidade de macroinvertebrados, a qual esteve submetida às influências do fluxo e do ambiente fluvial, tais constatações estiveram de acordo com os tipo de uso e ocupação do solo, os quais não causam impactos expressivos, demonstrando que a sub-bacia apresenta-se em bom estado de conservação.
Instituição : Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS
Autor: Daniel Pereira
Contato: Programa de Pós-Graduação em Ecologia- 3316-6771.