GREENPEACE CRITICA RELATÓRIO DA ONU SOBRE ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
2001-07-11
O Greenpeace lamentou os argumentos pró-biotecnologia contidos no relatório sobre Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas (PNUD). O estudo apresenta as falsas promessas da indústria de Engenharia Genética para transgênicos como verdades, relevando os riscos ambientais e ignorando os desafios reais da agricultura nos países em desenvolvimento. “Embora o relatório, em geral, siga a tradição da ONU em fornecer fatos e pontos de vista críticos em assuntos de maior desenvolvimento, sua avaliação sobre agricultura transgênica parece ter sido escrita por uma agência publicitária para promover os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs)”, disse Mariana Paoli, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace. O relatório da ONU alega que os alimentos transgênicos poderiam ter mais caraterísticas produtivas e nutricionais, além de fornecer soluções para os problemas da agricultura, como o controle das pragas e das secas. No entanto, nenhum produto geneticamente modificado disponível no mercado satisfaz tais promessas e está longe de preencher as necessidades da agricultura nos países em desenvolvimento. “O Programa para Desenvolvimento das Nações Unidas deveria saber que problemas complexos – como a fome e o desenvolvimento da agricultura – não serão resolvidos com falsas promessas tecnológicas. A crise real está diretamente relacionada com a falta de pesquisas e de investimentos visando o desenvolvimento e distribuição de tecnologias para a agricultura sustentável”, completou Mariana. O apoio para a agricultura diminuiu dramaticamente nos últimos dez anos. Os recursos para tecnologias de cooperação no campo da agricultura, florestas e pesca de todos os países doadores do OECD (grupo dos 35 países mais ricos do mundo) caíram dos US$ 7 bilhões em 1989 para menos de US$ 3 bilhões em 1999. O corte nos recursos para suporte na agricultura foi particularmente dramático por parte de instituições multilaterais, como o PNUD e o Banco Mundial – de US$ 3,5 bilhões em 1989, para menos de US$ 500 milhões em 1999. “A promoção dos OGMs em países em desenvolvimento como “solução” e a falta de apoio para o desenvolvimento da agricultura apresentados pelo relatório da ONU são pontos extremamente críticos e não ajudam a estabelecer a credibilidade do Programa. Ao invés de defender ingenuamente a exportação da tecnologia dos transgênicos para o Sul, o PNUD deveria se concentrar em divulgar e promover métodos seguros e sustentáveis visando o aprimoramento da prática da agricultura”, disse Mariana. Além disso, o viés do relatório sobre os impactos ambientais associados à liberação dos OGMs no meio ambiente e na saúde só podem ser descritos como frívolos. Há um consenso geral que os riscos de longo prazo dos transgênicos não podem ser avaliados pelos métodos científicos atuais e que pesquisas adicionais devem ser feitas para avaliar propriamente a segurança alimentar das variedades geneticamente modificadas. “A realidade é que os transgênicos estão enfrentando uma resistência cada vez maior em todos os países industrializados e a indústria de biotecnologia continua despejando estas tecnologias questionáveis nos países em desenvolvimento. Alegar que a preocupação crescente em relação aos transgênicos, no Sul, foi exportada por ambientalistas do Norte é um insulto. Centenas de organizações não-governamentais presentes nestes países brigam contra a indústria e as tentativas americanas de barrar o Protocolo Internacional de Biossegurança, adotado no ano passado e que defende o Princípio da Precaução para a agricultura transgênica”, afirma Mariana.