LICENÇA DE OPERAÇÃO DA ALL PARA CARGAS PERIGOSAS ESTAVA VENCIDA
2001-07-10
O descarrilamento do trem com gasolina e arroz no município de Vale Verde é o pior acidente dos últimos tempos do ponto de vista ambiental. “Só o vazamento de ácido sulfúrico do navio Bahamas no canal de acesso ao porto de Rio Grande em agosto de 1999 teve as mesmas proporções”, compara Vilson Prava Dutra, Chefe do serviço de emergência da Fepam. Mesmo assim, ele acredita que o dano ambiental dos 120 mil litros de gasolina derramados dos cinco vagões tombados seja maior. O combustível estava sendo transportado de Rio Grande para uma base da Ipiranga Distribuidora em Canoas. O problema, segundo Dutra, é que o combustível não será diluído como no caso do Bahamas, sendo absorvido pelo solo e contaminando fontes de abastecimento de água. Ontem, os técnicos da Fundação e da empresa América Latina Logística (ALL), responsável pela linha do trem, tentavam evitar que os 50 mil litros de combustível, que ainda não haviam sido recolhidos, chegassem a um açude próximo do local. “A chuva tornará impossível evitar que o combustível se espalhe ainda mais, contaminando essa fonte de água”, diz Dutra. A prioridade agora é mitigar ao máximo a contaminação ambiental no local, que segundo os técnicos pode comprometer atividades agrícolas e o abastecimento de água. Em 30 dias a ALL deverá apresentar um relatório sobre as causas e consequências do acidente. O ministério dos transportes também terá que se manifestar sobre o caso, assim como o IBAMA, órgão responsável pelo licenciamento da linha férrea interestadual. O licenciamento ambiental deve ser um fato que contribuirá para elevar o valor da multa aplicada na empresa. A licença de Operação fornecida pela Fepam para o transporte de cargas perigosas na linha férrea do acidente havia vencido no dia 27 de junho último. A ALL entrou com pedido de renovação da licença três dias antes do acidente. No âmbito federal, a empresa aguarda o pronunciamento do IBAMA, que recebeu em março o pedido de licenciamento para o transporte de cargas na ferrovia e até hoje não se manifestou. “Esse é o quarto acidente envolvendo a empresa em dois anos”, lembrou o Secretário Estadual do Meio Ambiente, Cláudio Langone. Segundo as autoridades ambientais do Estado a multa pode chegar a R$ 50 milhões.