ESTUDO MORFOLÓGICO DO PVDF E DE BLENDAS PVDF/P(VDF-TrFE)
2003-01-03
RESUMO: O poli(fluoreto de vinilideno) (PVDF) é um polímero semicristalino que, quando cristalizado a partir da fusão à temperaturas acima de 155°C, apresenta uma variada morfologia cristalina, constituída por esferulitos anelados, não anelados e mistos. Abaixo dessa temperatura somente os esferulitos anelados são formados. Neste trabalho foi realizado um estudo morfológico do PVDF, procurando verificar a relação entre o tipo de esferulito formado e a fase cristalina predominante em suas lamelas. Foi verificado, por espectroscopia no infravermelho, que os esferulitos anelados apresentam exclusivamente a fase alfa, quando a cristalização ocorre a temperaturas inferiores a 155°C. Temperaturas superiores a essa induzem nessas estruturas uma transformação de fase alfa em gama, que aumenta a quantidade de fase gama com o tempo de cristalização. A taxa com que essa transformação ocorre aumenta com a temperatura de cristalização. Os esferulitos não anelados são constituídos predominantemente pela fase gama, cristalizada diretamente do fundido, com pequenas inclusões de fase alfa. O processo de fusão dos diferentes esferulitos, observado por microscopia ótica (MOLP) e medidas calorimétricas (DSC), mostraram que a temperatura de fusão da fase gama originada da transformação de fase é 8°C superior à daquela cristalizada diretamente do fundido. Micrografias de amostras aquecidas até 186°C e rapidamente resfriadas permitiram visualizar as regiões dos esferulitos anelados que sofreram a transformação de fase alfa em gama, para diferentes tempos e temperaturas de cristalização. Foi realizado, ainda, um estudo morfológico de blendas PVDF/P(VDF-TrFE), com diferentes composições e com o copolímero contendo 72% em mol de VDF. Análises térmicas (DSC) verificaram que os componentes da blenda são imiscíveis na fase cristalina, quando a cristalização ocorre a partir da fusão. Porém, micrografias obtidas por MOLP e MEV indicaram a presença de moléculas do copolímero nas regiões interlamelares dos esferulitos formados durante a cristalização do PVDF. Esse resultado sugere a miscibilidade entre os componentes no estado líquido, e que esta mistura íntima deve permanecer durante a cristalização, resultando na miscibilidade dos componentes na fase amorfa.
Autora: Rosa Cristina Capitão
E-mail: criscapitao@uol.com.br
Procedência: Unidade Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade de São Paulo (USP)
Data: 8/3/2002