Há dez anos o empresário suíço Stephan Schmidheiny, fundador do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável e presidente do grupo nova, prega incansavelmente o conceito de ecoeficiência. No Brasil, a família Schmidheiny investe desde os anos 40 no ramo da construção civil leve. Nos últimos quatro anos, o grupo Nova investiu 500 milhões de dólares na região compreendida entre as cidades catarinenses Joinville e Rio Negrinho e Ponta Grossa, no Paraná. Todas as unidades deverão adotar, até 2005, sistemas de gestão integrada, com metas de sustentabilidade e programas de responsabilidade social corporativa.
Foram criadas vantagens competitivas ao integrar a economia, a sociedade e o meio ambiente na gestão. A busca pela ecoeficiência começa com o conhecimento exato dos gastos com energia, água, matéria-prima e dejetos produzidos em cada processo. Neste ano, a Amanco pretende economizar 1,3 milhão de dólares em energia e com a redução de dejetos. A essência do negócio da empresa é transformar a resina de PVC, não biodegradável e tóxica quando queimada, em tubos sanitários. O PVC não figura na lista dos materiais mais ecologicamente corretos. Mas um recente estudo sobre alternativas ao PVC encomendado à consultoria Booz Alen mostrou que, além de mais fácil de manejar do que o ferro ou a cerâmica, a resina é a melhor opção de custo para expandir a rede de água e esgoto na América Latina.
O PVC oferece 60 anos de durabilidade. Em Rio Negrinho, a 60 quilômetros de Joinville, a fábrica de portas do Terranova só começou a funcionar para valer no ano passado. A serraria tem índice de aproveitamento de toras de 58%, o maior do Brasil. Os resíduos são queimados para produzir energia: geram 1,8 megawatt dos 4,5 que a fábrica consome. Cerca de 40% das reservas matêm florestas nativas, abrigando 170 espécies de fauna e flora. As plantações estão certificadas com o selo FSC, o mais rigoroso para produtos florestais. A certificação deu seis meses de dor de cabeça a Ruibens Marschall, diretor da madeireira Marschall, mas valeu um contrato de exclusividade com a Terranova.
(Exame/54, 16/10)