ESTUDO TRAÇA PERFIL DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO BRASIL
2001-06-25
Conhecer o perfil dos incêndios florestais é muito importante para o planejamento do controle dos mesmos. Para se traçar este perfil é necessário conhecer as estatísticas de ocorrências e aí começa o problema, pois é muito difícil coletar dados sobre os incêndios florestais no Brasil. Um dos palestrantes do 2o Simpósio Latino Americano de Controle de Incêndios Florestais, o professor Ronaldo Viana Soares, da Universidade Federal do Paraná, desenvolveu um trabalho com o objetivo de estabelecer o perfil dos incêndios florestais no país por meio de dados coletados em áreas protegidas, no período de 1994 a 1997, com formulários preenchidos por empresas e instituições florestais. Foram registrados e informados quase 2 mil incêndios. “Apesar deste número não representar a totalidade dos incêndios ocorridos no período estudado, constituiu-se numa boa base para se conhecer as principais características dos incêndios”, explica o professor. Os resultados obtidos neste período foram então comparados com os observados no período de 1983 a 1987. As variáveis analisadas foram a distribuição das ocorrências e áreas queimadas nos Estados da federação, a distribuição nos meses do ano, a determinação das causas, os tipos de vegetação atingidos, a distribuição por classes de tamanho e a área média queimada por incêndio. Os resultados mostraram que a área média atingida por incêndio aumentou de 76 ha no período de 1983 a 1987 (primeiro período) para mais de 135 ha no período de 1994 a 1997 (segundo período). Minas Gerais foi o Estado líder nos dois períodos, tanto no número de incêndios informados (25,3 e 62,7%) como na área queimada (43,5 e 25,2% no primeiro e segundo períodos, respectivamente). Além disso, detectou-se que houve uma inversão nas duas principais causas de incêndios nos dois períodos. No primeiro a principal causa foi “Queimas para limpeza”, com 33,6% vindo em seguida “Incendiários”, com 29,8%, enquanto no período seguinte o grupo “Incendiários”, com 56,6% das ocorrências, passou para o primeiro lugar, ficando as “Queimas para limpeza” em segundo lugar com 22,1%. Com relação à área queimada o grupo “Queimas para limpeza” , com 63,7 e 74,1% da superfície atingida, no primeiro e segundo períodos, respectivamente, foi a principal causa, ficando o grupo “Incendiários” em segundo lugar com 14,7% (1983 a 1987) e 19,8% (1994 a 1997). A principal estação de incêndios no país se estende de julho a novembro, quando ocorreram 77 e 79,2% dos incêndios, correspondendo a 90,7 e 98,6% da área atingida, nos dois períodos analisados, respectivamente. No primeiro período (1983 a 1987) o maior número de incêndios (50% das ocorrências) foi registrado em plantações de Eucalyptus sp, enquanto no segundo (1994 a 1997) os incêndios em eucaliptos (31,6%) foram superados pelos registrados em “Outro tipo de vegetação” (39,7%), que inclui cerrado, capoeira e campo. Com relação à área queimada, entretanto, no primeiro período o grupo “Outro tipo de vegetação” ficou em primeiro lugar com 58,2%, enquanto no segundo período 92,5% da área queimada foi registrada em florestas nativas. Informações adicionais podem ser obtidas pelo telefone (019) 430-8602 ou e-mail: eventos@carpa.ciagri.usp.br