INVESTIGAÇÃO ANALÍTICO-AMBIENTAL DO USO DO LODO COMPOSTADO DE INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL COMO FERTILIZANTE ORGÂNICO
2002-08-16
A tese de doutorado de Vera Maria Morsch (Programa de Pós-graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997) investiga a presença de cádmio, chumbo, níquel, cobre, zinco e mercúrio em biofertilizante oriundo da compostagem de lodo residual de indústria de celulose e papel, e a possível transferência destes elementos para hotaliças de ciclo rápido (alface, rabanete e pepino), via adubação. Foram investigados métodos para decomposição das amostras, e as determinações foram feitas através de diferentes técnicas analíticas: espectrometria de absorção atômica em forno de grafite (GFAAS); espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS); espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-AES), para cádmio, chumbo, níquel, cobre e zinco; e espectrometria de absorção atômica, método do vapor frio, utilizando dois aparelhos de fabricação diferente, para as determinações de mercúrio. Os resultados foram comparados (três épocas de amostragem do biofertilizante e plantio das hortaliças, adubações do lodo compostado e com uréia, e as diferentes técncias analíticas empregadas, para cada elemento), através do teste t de Student (alfa = 5%). A maioria dos resultados obtidos não diferiu significativamente entre si, chegando-se, assim, às seguintes conclusões: 1) não foi observada a relação concentração de elemnto presente no biofertilizante: concentração absorvida pelas hortaliças, via adubação; 2) a grande proximidade entre os resultados obtidos pelas diferentes técnicas empregadas neste trabalho comprovam a qualidade do trabalho analítico realizado; 3) o lodo compostado pode ser utilizados como biofertilizante, desde que sua aplicação seja cautelosa, e haja um controle periódico da concentração de elementos tóxicos, que o mesmo poderá conter. Também foram realizados experimentos para investigar se a presença de sais de metais (Pb, Cd, Zn e Hg) interfere no crescimento, na concentração de ácidos nucleicos (RNA e DNA) e no conteúdo proteico de rabanetes em germinação. Experimentos in vivo e in vitro também avaliaram a inibição da enzima delta-aminolevulinato desidratase (ALA-D) de rabanete. Os resultados obtidos demonstraram que, ente os elementos estudados, o que apresentou maior toxicidade para rabanete foi o cádmio. Apesar de terem sido observados efeitos tóxicos sobre rabanete, foram necessárias altas concentrações dos elementos usados para que ocorresse inibição da ALA-D (tanto in vivo quanto in vitro). Isto demonstra que a espécie vegetal estudada apresenta alta resistência à presença de metais, não sendo, portanto, bioindicador tão adequado quanto animais.