Vinte e cinco postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) dos municípios de Foz do Iguaçu, Pato Bragado e Toledo, no oeste do Paraná, já estão receitando e fornecendo medicamentos à base de plantas medicinais.
As plantas orgânicas são produzidas no viveiro do Refúgio Biológico Bela Vista, localizado em Foz do Iguaçu, que já forneceu cerca de 30 mil mudas de mais de 90 espécies de plantas medicinais diferentes. Ali é feita a coleta, limpeza, beneficiamento e controle de qualidade, além da montagem de um kit com 18 tipos de plantas medicinais, que servem para o tratamento das 10 doenças mais comuns da região.
As três cidades do oeste do Paraná são as únicas do estado que elaboraram projetos e receberam recursos do Ministério da Saúde para estimular a produção e distribuição de remédios feitos à base de plantas medicinais.
Do viveiro as mudas são distribuídas a produtores orgânicos que foram reunidos em cooperativas criadas por meio do programa Cultivando Água Boa, da Usina de Itaipu Binacional e com auxilio da prefeitura e dos Produtores Associados para Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis (Sustentec).
A agricultora e produtora de plantas medicinais, Guiomar Maria de Santana Neves aderiu há tempos a ideia. Na casa da família, toda manhã, o dia começa com uma xícara de chá de cidrozinho para todo mundo. “Ele é digestivo, calmante e é bom para dor de cabeça. Foi colhido ali da minha plantação, vem do próprio quintal”, conta ela, que também preside a Cooperativa de Produtores Orgânicos Gran Lago, em Vera Cruz do Oeste.
“A maior dificuldade, no início, foi que eu não tinha irrigação, e foi na época da seca em que era o sol muito quente. Eu tive que irrigar com o baldinho, irrigava de manhã e de tarde, até pegar”, revela a agricultora.
O resultado de todo o trabalho da família são 200 kg de planta seca por mês. E a produção já tem destino certo: abastece quatro postos de saúde da região.
O Brasil e as plantas medicinais
Conforme o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Nelton Friedrich, dos medicamentos atualmente produzidos, cerca de 25% têm componentes químicos oriundos de plantas. "Nossa flora tem cerca de 120 mil espécies vegetais, de aplicações terapêuticas e o alto custo dos medicamentos fabricados pela indústria farmacêutica, dentre outros motivos, têm aumentado o interesse das pessoas nesse tipo de terapia", explica.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo confiam nas "medicinas tradicionais", onde as ervas têm grande emprego. Nesse sentido, de acordo com Friedrich, o Brasil, por sua vez, através de suas políticas públicas tem reconhecido cada vez mais a utilização de plantas medicinais na atenção à saúde, tornando a fitoterapia uma opção terapêutica oficial no SUS.
Saiba mais sobre as espécies utilizadas e sobre o programa Cultivando Água Boa
por Carlos Matsubara, enviado a convite da Itaipu Binacional