PROJETO MUTUM
NOVOS CASAIS DE JACUTINGA NA FAZENDA MACEDÔNIA
Nos meses de novembro e dezembro a CENIBRA realizou a soltura de quinze casais de jacutinga (Aburria jacutinga) na Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Macedônia, município de Ipaba. A ação integra as atividades do Projeto Mutum, uma pioneira iniciativa da Empresa para reintrodução de aves silvestres ameaçadas de extinção. Desenvolvido desde 1990, o projeto é uma parceria entre a CENIBRA e a CRAX - Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre, em um acordo de cooperação técnica e científica. Na sede da instituição, em Contagem, Minas Gerais, é realizado o trabalho de preparação e manejo adequado das aves, resultando em maior facilidade de readaptação ao habitat. De lá, elas seguem para a Fazenda Macedônia, reconhecida pelo IBAMA como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
“Após passarem por um período de aclimatação no viveiro instalado no interior da mata, fizemos a soltura das aves com o intuito de promover o revigoramento populacional de jacutingas em vida livre na RPPN”, explica Edson Valgas, Especialista da Coordenação de Meio Ambiente Industrial e Florestal.
A reintrodução do primeiro grupo de jacutingas na RPPN Fazenda Macedônia ocorreu em junho de 2003, quando cinco casais da espécie retornaram ao habitat em que a ave já estava extinta. Com o passar dos anos, outras foram soltas na RPPN, totalizando 64 aves reintroduzidas. Os primeiros filhotes nascidos em vida livre nas matas da Fazenda Macedônia foram observados no final do ano de 2009, quando seis crias foram avistadas pelos monitores que trabalham na RPPN. Desde o início do programa de reintrodução das jacutingas os monitoramentos registraram o nascimento de 23 filhotes. “Acreditamos que esse número seja ainda maior, tendo em vista que diversos casais reintroduzidos já migraram para outras matas da região”, acrescenta Edson Valgas. Diversos programas de reprodução em cativeiro têm sido bem sucedidos, com a reintrodução sistemática dessas aves na natureza. A jacutinga efetua migrações altitudinais, acompanhando a frutificação de diversas árvores da floresta, principalmente a dos palmiteiros. “Porém, a exploração predatória dessa palmeira, cujos frutos são um dos principais alimentos da jacutinga, também tem contribuído para a sua decadência populacional”, finaliza Edson Valgas
ESPÉCIE AMEAÇADA
A jacutinga é uma ave da família dos cracídeos de ocorrência na Mata Atlântica no Brasil. Mede aproximadamente 75 cm e alimenta- se de frutos e alguns invertebrados. Até as décadas de 1950 e 1960, eram relativamente comuns nesse habitat. O desmatamento e a caça predatória reduziram drasticamente as suas populações, sendo atualmente uma espécie considerada ameaçada de extinção no Brasil.
O último registro de jacutinga em Minas Gerais ocorreu em 1981, quando foram observadas cinco aves no Parque Estadual do Rio Doce. Desde essa data não ocorreram novas observações no Estado, havendo apenas relatos de possibilidade de ocorrência na porção mineira do Parque Nacional do Itatiaia. A partir desses fatos tem-se que a única evidência concreta de existência de jacutinga em Minas Gerais limita-se à Fazenda Macedônia e arredores, cuja população descende de indivíduos reintroduzidos pela CENIBRA. Além da jacutinga, o Projeto Mutum já possibilitou a soltura do mutum-do-sudeste (Crax blumembachii), do macuco (Tinamus solitarius), da capoeira (Odontophorus capueira), do jaó (Crytpturellus n. noctivagus), do inhambuaçu (Crytpturellus obsoletus), e do jacuaçu (Penelope obscura).