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cvrd ferrovia de carajás política nacional de mineração
2013-05-10 | Mariano

 

É uma honra e uma recompensa ter como leitores deste blog as oito pessoas que se manifestaram sobre o primeiro ano de vida deste Valeqvale. Suas manifestações são suficientes para animar e fortalecer o compromisso que inspirou este espaço: manter vivo o acompanhamento de uma empresa que deixou de ser estatal, desligando-se do patrimônio público, por um ato viciado, obscuro e prejudicial ao povo brasileiro.

Privatizada a preço de final de feira, a Vale realmente se tornou mais rica e poderosa. Seus notáveis resultados não são, entretanto, consequência "natural" da sua passagem do domínio estatal para o privado. Sem contar com as medidas de "limpeza" do passivo e de drástico enxugamento dos seus custos, sobretudo com a extinção de milhares de empregos, que antecederam a venda da empresa, em 1997, um fato é tão cristalino que só não é destacado porque o debate em torno da questão costuma ser viciado: a Vale se tornou ainda maior porque contou com um ativo do qual nenhuma outra empresa do seu porte dispõe em qualquer lugar do mundo.

Tente-se comparar a antiga CVRD a suas concorrentes. Alguma delas dispõe das duas mais importantes ferrovias do seu país, de dois dos maiores portos oceânicos do mundo, das duas melhores jazidas de minério de ferro do planeta, da esmagadora maioria dos direitos de exploração do subsolo e de uma logística tal que se tornou um dos seus principais negócios?

Esse acervo, montado com base no dinheiro da estatal e nas transferências do erário, dormiu como sendo do povo e amanheceu no domínio de uma corporação particular. A mudança foi direta, como num passe de mágica. Seria feita em países capitalistas, como os Estados Unidos, a Inglaterra, a Alemanha ou o Japão, sem uma participação decisiva da sociedade? E, por fim, a transferência seria feita? Basta pensar na radical privatização promovida pela recentemente extinta primeira-ministra Margareth Thatcher, que excluiu dos seus leilões os serviços estratégicos, para responder: não.

Os brasileiros foram induzidos ao erro e nele mantidos, agora por massiva campanha nos meios de comunicação. Por que a Vale gasta tanto com a imprensa? Ela não é varejista. Seu produto é vendido em milhões de toneladas para um grupo seleto de compradores, em geral através de contratos de longo prazo. Mas por que se tornou a maior anunciante privada do país? Para calar quem antes falava e premiar quem se autocensurou.

Foi por isso que decidi abrir este blog. Quando nada, ele repete o aviso: não se pode deixar de estar bem perto da Vale. Ela é responsável por pouco mais de 10% das exportações brasileiras. Nem na época dos barões do café o Brasil esteve atado dessa forma. E isso num momento em que o eixo do crescimento econômico está montado na remessa das riquezas nacionais, com destaque para os bens extraídos da natureza, alguns dos quais, como o minério de ferro, nunca mais retornarão.

O blog vai prosseguir na sua missão. Os leitores são a fonte de renovação desse compromisso. Mas não posso deixar de assinalar uma frustração, que não é apenas minha, mas um sintoma da crise nacional de valores: a ausência do personagem que mais em buscava, aquele que participa das atividades da Vale na linha de frente. Imaginei que, protegidos pelo aval do anonimato, mas movidos pela sensibilidade para com os destinos do Brasil, esses atores se manifestassem.

Não precisam ser críticos da empresa que lhes paga o salário ou lhes assegura vantagens adicionais. Não é necessário nem que partilhem as ideias deste blog. Podem ter posição inteiramente oposta. Mas então, se creem que os críticos da Vale estão errados, podiam se apresentar ao debate trazendo para ele as informações que possuem e sua experiência viva.

Infelizmente, o que se nota no Brasil atual é a acomodação ou o acovardamento daqueles que estão fazendo a história nas frentes de produção, nas frentes pioneiras, nos lugares decisivos. Um jornalista dificilmente consegue acesso a uma fonte dessas, que foi preciosa na época da censura estatal, da perseguição política, da ditadura. Empregados, técnicos, cientistas estão cada vez menos dispostos a falar. Soterraram a dimensão pública da sua atividade no túmulo do interesse pessoal, vendendo sua consciência no altar do ganho individual.

Ainda tenho esperança de que haja bons cidadãos na ponta da linha desse esquema de extração, transporte e lançamento de riquezas do Brasil para o exterior, que tem na Vale o seu principal nexo. Os leitores do blog, reafirmando seu interesse, alimentam essa esperança, com a qual vamos em frente.

(Por Lúcio Flávio Pinto, Valeqvale, 08/05/2013)

 

 


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