Poluição provocada por estações da Casan não foi tocada e a estatal sequer foi convidada

A audiência pública da comissão de Meio Ambiente da Câmara nesta quinta-feira (4.4), confirmou que quando não se quer ou não se pode resolver um problema, forma-se uma comissão. Convocada para discutir a situação dos rios de Florianópolis contaminados por esgotos, o encontro limitou-se a questões pontuais, elegendo como prioridade a desobstrução de um trecho do rio Vermelho, em Rio Vermelho, deixando em segundo plano a situação da maior bacia hidrográfica da Ilha (Ratones) e a contaminação dos rios do Brás e Papaquara pela Casan.

Ao contrário do que foi anunciado pelo vereador Edemilson Carlos Pereira Júnior (Ed) ao Daqui na Rede, na presença dos presidentes do Avante, Edenaldo Lisboa da Cunha (Feijão) e da Associação de Moradores de Santo Antônio de Lisboa (Amsal), Cláudio Andrade, a audiência não discutiu a poluição dos cursos d'água da Ilha pelas estações de tratamento de esgotos da Casan. Ao contrário, a Casan sequer foi convidada a participar da audiência, o que deixou indignado o vereador Edinon Manoel da Rosa. "No requerimento onde solicitei essa audiência para discutir a situação dos rios de Florianópolis, está expressa a preocupação com o lançamento de esgotos sem tramento pela Casan".

Comissão
O vereador Edemilson foi procurado após a audiência e informaram que ele estava em reunião e não poderia atender. Foi deixado recado e ele não retornou até a o momento da publicação desta matéria. Conduzida pelo vereador Pedro de Assis Silvestre, risonho mas inexperiente e vacilante, a audiência acabou direcionada para os interesses imediatos de um vereador e um ex-vereador com bases no Norte da Ilha. A tal comissão formada no final dos trabalhos terá seus integrantes confirmados até a próxima quinta-feira (11.4). Só depois é que começará a trabalhar, limitada a viabilizar os licenciamentos para a retirada de lixos e vegetação dos leitos de alguns cursos d'água.

Papelão
A ausência de alguns órgãos públicos contribuiu para esvaziar a audiência. O ICMBio não esteve presente, apesar de ser responsável por unidades de conservação que incluem as principais bacias hidrográficas da Ilha - Ratones e Tavares. O Ministério Público Federal e o Ministério Publico Estadual, se receberam convites, ignoraram o chamado. O representante da Fatma, Daniel Vinícius, pediu para falar antes pois tinha compromisso e precisa sair. Falou o que quis, mas ao final levou uma descompostura do vereador Dinho: caso ele se ausentasse a audiência poderia ser suspensa por se tornar inócua. O funcionário que representava o presidente Gean Loureiro permaneceu e se comprometeu de levar à diretoria da Fatma as demandas da audiência.

Ratones
A única intervenção relevante foi feita pela Associação de Pescadores e a Associação de Moradores de Ratones: um projeto de revitalização da bacia do rio Ratones, com a retomada de seu curso original, reposição da mata ciliar e desassoreamento do leito, entre outras medidas. A iniciativa será discutida às 15 horas desta sexta-feira (5.4) na sede da Associação dos Pescadores de Ratones (rua João Januário da Silva, 15.665).

(Por Celso Martins, Daqui na Rede, 04/04/2013)