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rio 2012/cúpula da terra trabalho escravo marketing verde
2012-07-18 | Mariano

Três milhões de crianças e adolescentes são vítimas do trabalho infantil no Brasil, de acordo com dados do IBGE/2012. Salvo raras exceções, como no caso da atividade doméstica, essa prática está diretamente ligada à cadeia produtiva das empresas. A economia brasileira não implantou mecanismos eficientes para monitorar suas redes de negócios, por isso está fortemente contaminada por trabalho infantil, trabalho escravo e devastação ambiental.

Metodologias para evitar esses problemas não faltam. O problema são os custos, sempre eles, que paralisam a iniciativa e turbinam o marketing de resultados. A questão socioambiental não é tratada como prioritária nem pelo governo nem pelo conjunto das empresas que controlam a economia brasileira, salvo a minoria que transcendeu o discurso “verde” e incorporou a sustentabilidade em suas práticas produtivas.

Greenwashing
A análise a seguir não é de autoria de um ativista ferrenho dos direitos humanos ou de um militante radical das causas ambientais. Tampouco é de autoria desses jornalistas negativistas, que insistem em apontar o dedo para empresas que estão fazendo de tudo para livrar seus negócios de uma base produtiva marcada pela devastação e pela violação dos direitos humanos.

O texto foi publicado em junho de 2012 no jornal O Globo, assinado pela jornalista Miriam Leitão, que diz o seguinte:
"Em tempos de construção de imagem verde para o mundo ver, o governo tem dito que está incluindo o econômico na questão ambiental. Não é verdade. Se incluísse, determinaria às montadoras o desenvolvimento de motores mais eficientes ao usar o álcool; os bancos públicos fariam exigências de respeito às leis ambientais na concessão dos empréstimos; os impostos seriam reduzidos para produtos e energia de fato sustentáveis. O governo prepara pacotes de estímulo ao crescimento como se não houvesse ligação entre o econômico e o ambiental.

… a área econômica avisa que vai beneficiar empresas verdes. Fez o oposto nos últimos anos: apostou em campeões nacionais sem ver a cor de suas práticas; concedeu empréstimo barato para termelétrica a carvão; subsidiou empresas que descumpriram legislação ambiental; deu estímulos para indústria de alto carbono e subsidiou o uso de combustível fóssil. O governo não deveria improvisar nesse tema. Quem entende do assunto não confunde maquiagem verde com transição para a economia de baixo carbono."

Tudo está verde
Devastação ambiental, trabalho escravo e trabalho infantil seguem na cola da irresponsabilidade socioambiental de empresas e governos. Práticas muitas vezes maquiadas pelo greenwashing, o marketing usado para dar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável.

É só olhar o ranking das empresas mais sustentáveis segundo a mídia, ou seja, segundo o que saiu na imprensa. Em primeiro lugar está a Natura, e não há o que reclamar em relação a isso. Depois vem o Itaú, que prega o crédito responsável e empresta dinheiro para empresas sem olhar se a cadeia produtiva está contaminada por devastação ambiental e trabalho escravo. Em terceiro está a Coca Cola, que no Brasil usa produtos cancerígenos em seus refrigerantes. E assim vai.

Até a Vale está lá, na honrosa quinquagésima posição. A última jogada sustentável da empresa foi ter conseguido autorização para minerar uma área de Carajás que contém milhares de cavernas com material arqueológico que datam de 10 mil anos, contrariando parecer dos arqueólogos e espeleólogos contratados pela própria companhia, que classificaram o local como de “relevância máxima” para a compreensão da história do continente.

Empresas do agronegócio têm crianças na base da cadeia produtiva, contaminadas por agrotóxico, trabalhando em lavouras e colhendo produtos que depois são beneficiados por multinacionais. Montadoras de carro usam aço fabricado com carvão do trabalho escravo e da devastação ambiental. Atualmente, o setor siderúrgico é o principal responsável pela devastação do Cerrado, que já perdeu metade da cobertura vegetal.

A Rio+20 passou e todos estão dizendo que saiu de lá uma agenda positiva. Sério?

A novidade, agora, é que começou a ser alinhavado o discurso de que a crise ambiental é culpa do consumidor, que não tem critérios em suas escolhas. As empresas estariam fazendo o que podem para produzir de forma sustentável. O problema é o maldito consumidor, que compra qualquer tranqueira e não é sábio o suficiente para escolher entre o papel higiênico “verde” e o predatório.

O supermercado faz de tudo pra ser ecologicamente responsável. Inclusive oferece ao tal consumidor um carne 100% monitorada, produzida fora da Amazônia e que não devastou uma mísera guariroba. Na mesma gôndola está a carne que veio de uma área devastada e que usou trabalho escravo na montagem do pasto. E que custa um tantinho mais barata.

A ressaca é braba. Tudo está verde ao meu redor.

(Por Marques Casara, 30/06/2012)


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