O físico húngaro Leo Szilard (1898-1964), mais conhecido como criador da reação em cadeia, e posteriormente um dos líderes do projeto Manhattan, que desenvolveu a primeira bomba atômica, vivia assombrado por teorias conspiratórias. Richard Rhodes conta em seu best seller “The making of the Atomic Bomb”, a influência de escritores como o inglês Herbert George Wells (1866-1946), um dos pais da ficção científica, sobre a genialidade atormentada de Szilard.
A própria idéia da bomba atômica teria sido inspirada em um dos livros de Wells (The World Set Free, 1914). Em outro de seus livros, “The Open Conspiracy” (1931), o escritor inglês descreve um conluio público de industriais, cientistas e financistas para criar uma república mundial.
Segundo Rhodes, tais fábulas acompanharam o físico húngaro durante toda a sua saga para “salvar o mundo”. Elas foram inclusive usadas como argumento para convencer figuras importantes da época, como Albert Einstein, a apoiarem o desenvolvimento da arma que poria “um fim pacífico na segunda guerra mundial”. A história mostrou a ingenuidade de Szilard, e de muitos outros cientistas brilhantes, frente à astúcia dos políticos e militares.
Episódios como esse servem para mostrar que ética e responsabilidade estão muito além das boas intenções da ciência. Exige uma reflexão existencial que nunca é neutra. Algo inalcançável em um mundo tecnicista, onde o sucesso do método científico é, em grande parte, atribuído a seus resultados quantitativos. Como se apenas com números pudéssemos determinar o que é certo e o que é errado.
(Por Mariano Senna, Ambiente JÁ, 16/07/2012)