"Hoje eles foram novamente atacados de uma forma brutal. Na praça principal os militares lançaram bombas de gás, atingindo mulheres, crianças e pedestres", escreve nos uma testemunha de Cajamarca.
Na semana passada recebemos imagens e notícias dramáticas da região norte peruana de Cajamarca. Cinco pessoas foram baleadas pelos militares, muitos gravemente feridos e presos arbitrariamente. Pela segunda vez em seis meses o governo do presidente Ollanta Humala tem imposto o estado de emergência em três províncias e está tentando suprimir os protestos à força com a ajuda do exército.
Há 30 dias a população de Cajamarca já está lutando com uma greve geral e pacífica contra a construção da Mina Conga. A mina está localizada na origem dos rios e lagos importantes que abastecem a região de Cajamarca e a bacia do Amazonas.
Para a mineração do ouro é preciso muita água e para a população não sobra quase nada. O que resta é envenenado com cianeto e outros produtos químicos. Peritos independentes lançaram uma alerta contra a Mina Conga. Se o projeto for implementado, a situação dramática vai piorar ainda mais.
"Os protestos não têm nenhuma motivação política. Os manifestantes são famílias com crianças, mulheres, pessoas idosas, especialmente os mais pobres, porque a situação aqui é intolerável. Só tem duas horas de água por dia, e em alguns distritos não têm acesso à água durante semanas... ", escreve a testemunha.
O povo exige um referendo sobre a expansão da mina. Segundo a Constituição, a população tem o direito a uma voz ativa. Mas o governo e as empresas querem suprimir este direito.
Por favor, exige do governo e das empresas o fim da violência e reconhecimento dos direitos civis da população.
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Leia a Carta e assine a Petição (http://www.salveaselva.org/acoes/880/peru-ouro-destroi-fontes-de-agua)
Presidente Sr. Ollanta Humala
Plaza de Armas s/n, Lima – Lima 1
Perú
Tel.: (511) 311-3900 y (511) 311-4300
Cópia para as embaixadas peruanas na Alemanha, França, Itália, Espanha e Grã-Bretanha, o Ministério peruano de Mineração e Energia, o Ministério peruana de Direitos Humanos, a Cooperação Internacional de Finanças (IFC) Peru
Presidente da República do Peru, Sr. Ollanta Humala,
Como é bem conhecido nacional e internacionalmente, a empresa Mineira Yanacocha não tem licença democrática da população de Cajamarca para expandir a mina Conga. Mesmo assim, o seu governo deu a permissão para realizar este projeto. Estas são as razões para os protestos em Cajamarca.
O senhor prometeu durante sua campanha eleitoral que vai proteger a população contra os impactos negativos da mineração. Mas não cumpriu a promessa. Porque o seu governo está fazendo exatamente o contrário. As pessoas que protestem contra os danos da mineração estão sendo oprimidos e criminalizados. É isso que está acontecendo nos últimos dias em Celendín e Bambamarca. O resultado triste é que no mínimo cinco pessoas morreram. Eles se chamam por exemplo José Faustino Silva Sánchez e Eleterio García Díaz, morreu também o jovem Cesar Medina. Além disso, havia pelo menos 20 feridos e 15 pessoas foram presas.
Entre os presos está também Marco Arana, um ativista de direitos humanos e ambientais, que sempre defendeu seus ideais de uma forma pacífica. Ele foi gravemente ferido durante a sua detenção.
Estes incidentes mostram os custos proibitivos do projeto Conga. A mina vai drenar quatro lagoas e a falta de água terá um impacto negativo na vida do povo de Cajamarca, que entraram por isso em greve geral no dia 31 de maio de 2012.
Portanto, exorto-vos a:
- libertar imediatamente todos os manifestantes detidos
- investigar os assassinatos das pessoas mortas e as violações dos direitos civis e levar os responsáveis à justiça
- cancelar imediatamente o estado de emergência nas províncias de Cajamarca, Celendín e Hualgayoc e cancelar as acusações contra os manifestantes
- acabar com a criminalização e a violência contra o povo de Cajamarca e reconhecer os direitos de seus cidadãos à liberdade e expressão livre
- entrar em diálogo imediato com o povo de Cajamarca.
Para que a violência não se repita.
(Salva la Selva / Adital, 13/07/2012)
Organização ambiental politicamente independente, que defende aos habitantes dos bosques tropicais e os espaços que habitam