A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), composta por 268 parlamentares, entre deputados e senadores, oficializou esta tarde (26) apoio ao Congresso paraguaio em relação ao processo de impeachment do ex-presidente Fernando Lugo e ao novo governo paraguaio. Segundo o presidente da frente, deputado Homero Pereira (PSD-MT), os parlamentares brasileiros entendem que tudo foi feito dentro da legislação paraguaia.
“[A FPA] é solidária ao Congresso paraguaio que, seguindo todo o rito, o processo legislativo e a Constituição daquele país, tomou uma decisão soberana, assim como o Brasil já fez no passado, e não quisemos aqui a interferência de outros países”, disse Pereira após reunir-se com uma delegação de parlamentares paraguaios que veio ao Brasil pedir o reconhecimento da decisão do Congresso e apoio ao novo governo.
O presidente da FPA informou que os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado paraguaios convidaram parlamentares brasileiros para uma visita ao país e ressaltou a integração entre as duas nações.
“O Paraguai é um grande parceiro comercial. Os brasileiros produzem mais de 60% dos grãos [do Paraguai] e exportam pelos portos do Brasil. Temos uma ponte que nos une, que é a Ponte da Amizade, e temos muitos interesses em comum”.
O deputado paraguaio David Ocampo apelou aos parlamentares brasileiros que intercedam junto à presidenta Dilma Rousseff para “reconhecer oficialmente nossa situação constitucional e democrática”. “Acho que Lugo já não volta mais e só o que vamos conseguir é piorar um clima de tensão que, por questão ideológica, não vale a pena continuar”.
O senador Miguel Carrizosa, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado paraguaio, criticou a posição adotada pelo governo argentino contra a decisão do impeachment de Lugo e disse que a decisão argentina pode ter como estímulo o voto do Congresso do Paraguai contra a entrada da Venezuela, credora da Argentina, no Mercosul.
O brasileiro José Saraiba, que vive a 20 anos no Paraguai, disse que paraguaios e brasiguaios produtores rurais estão sendo prejudicados com a indefinição sobre o reconhecimento do novo governo. “A indefinição nos coloca em dúvida com outros mercados. Os bancos têm certo receio com nós do Paraguai. A posição do Brasil é muito importante e pedimos que nos apoiem”.
(Por Danilo Macedo, com edição de Fábio Massalli, Agência Brasil, 26/06/2012)