Desde a última quinta-feira (21/6), índios Xikrin, Juruna e Arara ocupam o sítio Pimental, 50 km distante do local de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Querem que a obra pare até que condicionantes como desintrusão de Terras Indígenas, implantação de sistemas de água e outras sejam cumpridas
Enquanto os kayapó, comandados pelo cacique Raoni Metuktire, protestavam na semana que passou contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte com o apoio dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil presentes na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, na cidade do Rio de Janeiro, bem longe dali, índios Xikrin, Juruna e Arara ocuparam nesta quinta-feira (21/6) o sítio Pimental, no sudoeste do Pará e distante 50 km do local de construção da usina.
Independentemente de qualquer vinculação com movimentos sociais da região e mesmo com o movimento de Raoni, os índios decidiram pela ocupação quando se deram conta de que o rio está sendo barrado e suas águas estão ficando sujas e barrentas. E, ao mesmo tempo, a maioria das condicionantes estebelecidas pela Funai, IUbama e Norte Energia, para a instalação do empreendimento não foram cumpridas. (Leia aqui quais são as condicionantes).
Por divergências em relação à construção da usina, os índios dessas etnias haviam rompido com seus parentes kayapó, ferrenhos opositores de Belo Monte, que na voz de Raoni continuam a gritar contra a construção da usina.
Em entrevista ao ISA, na tarde de sexta-feira (22/6), Mukuka Xikrin, um dos diversos líderes do movimento, afirmou que eles só saem depois de conversar com o presidente da Norte Energia, Carlos Nascimento, com o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão e com a presidente da Funai, Marta Azevedo. “A gente não quer negociar, quer parar a obra”, afirmou. “Eles [Norte Energia] não estão conseguindo cumprir o que prometeram nas aldeias”.
A líder Ingrejam Xikrin contou à reportagem do ISA, na noite de ontem, sábado, que durante o dia o representante local da Norte Energia foi até o Pimental negociar. “Disse que podíamos continuar lá mas que deveríamos deixar o pessoal trabalhar”. O que não aconteceu.
Ingrejam, que vive na Terra Indígena Trincheira Bacajá, faz coro com Mukuka: “Não houve melhoria, só promessa. As condicionantes não foram cumpridas”. Ela contou que circulou a informação de que o presidente da Norte Energia vem à área ocupada no dia 28.
“Queremos divulgar para o mundo inteiro o que está acontecendo aqui”, afirmou Mukuka. Ele disse ainda que neste domingo (24/6) devem chegar os parentes Parakanã, Araweté e Assurini para se juntar a eles e acampar no Pimental.
(ISA, 24/06/2012)