O balanço da conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável, que foi realizado nesta semana no Rio de Janeiro, pode ser resumido de maneira simples: há um vencedor, o Brasil, e um perdedor, o planeta. Uma dura constatação, vinte anos após a emblemática ECO-92, que, na mesma cidade, havia fincado as bases de uma política de desenvolvimento que se preocupasse com a preservação dos recursos globais.

O Brasil, país anfitrião, "venceu", se é que se pode dizer isso. Sua meta era chegar a um acordo. Com certa brusquidão, atípica nessa forma de processo, ele conseguiu em três dias uma negociação que vinha se arrastando havia seis meses.

Mas foi feito um mínimo, eliminando pura e simplesmente todas as passagens do projeto de declaração final que suscitavam oposição. E mantendo somente as petições de princípio gerais e consensuais. Como ninguém esperava um milagre, essa falta de ambição não foi uma surpresa.

Mas a "profunda decepção", ou até a "raiva", da Rede de Ação Climática, que reúne cerca de 600 ONGs ambientalistas do mundo, é compreensível.  Isso porque, três anos após o fracasso retumbante da cúpula de Copenhague sobre o clima, na verdade é o planeta que sai perdendo nesse acordo mínimo. E pelas mesmas razões.

Para avançar, de fato, as negociações climáticas multilaterais precisam de dois motores: um grupo de países líderes e financiamentos que comprovem sua determinação. Hoje, faltam os dois.

Não se esperava grande coisa dos Estados Unidos, que nunca estiveram à frente dessas questões e que estão mais preocupados com sua eleição presidencial do que com a economia verde e a crise ambiental. O mesmo se pode dizer do Canadá, que possui essa mesma atitude conservadora, além da China e da Índia, que foram de uma notável discrição.

Já os países do Sul, reunidos dentro do "G77", bem que tentaram uma ação de impacto, às vésperas da conferência, exigindo dos países ricos que eles se comprometessem a contribuir com US$ 30 bilhões por ano até 2017 e US$ 100 bilhões depois disso para financiar novos programas. Foi perda de tempo: eles fingiram não ouvir.

A Europa, em particular, parece ter abandonado qualquer vontade de liderança na questão. Atolada na crise da zona do euro, paralisada por seu crescimento estagnado, sem força financeira, ela se viu isolada nas negociações. Sem seu poder de influência, ela se mostrou incapaz de melhorar um texto final que repete constatações e compromissos já antigos e não formula praticamente nenhuma proposta concreta nova.

Portanto, o balanço é cruel: as questões de peso da crise ambiental foram evitadas. E os chefes de Estado poderão se permitir um alívio covarde pelo fato de que a agenda internacional não prevê mais nenhuma reunião sobre a questão. Portanto, não serão questionados tão cedo por sua inação.

(Por Nathalie Brafman, Le Monde / UOL / IHU On-Line, 23/06/2012)