ONGs reunidas em evento entregam à ONU documento sem prioridades nem agenda
Depois de três dias de reuniões, várias assembleias e uma grande passeata pelo centro do Rio na última quarta-feira (manifestantes falam em 50 mil pessoas, a polícia em 15 mil a 20 mil), a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, encerrou ontem suas atividades. De concreto, produziu um documento, entregue ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.
Nele, fala-se de tudo: contra o capitalismo, contra o sistema patriarcal, racista e homofóbico, contra a violação dos direitos dos povos, contra a economia verde, contra os agrotóxicos, contra o estímulo ao consumo, contra as mineradoras, contra o agronegócio, em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, dos espaços públicos, dos bens comuns etc.
Sem uma liderança, mas ao contrário, organizada como um somatório de ONGs, movimentos sociais e partidos, a cúpula consolidou uma imensa lista de reivindicações -sem hierarquia, prioridades ou agenda.
Segundo o dirigente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stédile, "o mais importante não foi o documento final, mas o processo de discussão na cúpula".
Um militante da organização internacional Amigos da Terra disse que o evento possibilitou o estabelecimento de contatos e o encontro de afinidades entre organizações diferentes.
(Por Laura Capriglione, Folha de S. Paulo, 23/06/2012)